Uso de telas durante as refeições: pode ou não pode?

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A cena já é uma velha conhecida da família brasileira: na hora do jantar, pais e filhos se reúnem em volta da mesa para comer e passarem um tempo juntos. 

Mas, cada vez mais, essa e outras refeições têm outras convidadas: as telas, muito presentes na vida de adultos e crianças.

E, convenhamos: nossos cotidianos atribulados contribuem – e muito! – para esse uso excessivo de telas, inclusive na hora da refeição. 

Afinal, enquanto os pais chegam cansados do trabalho querendo minutos para relaxar, os filhos estão hiperativos e precisam de algo em que se concentrar, sem darem muito “trabalho”. 

Sendo assim, as telas parecem ser o ingrediente perfeito para essa receita.

No entanto, podem resultar em uma verdadeira indigestão se não forem bem utilizadas.

Neste artigo, contamos o que os especialistas recomendam sobre a presença de telas, seja no café da manhã, almoço ou jantar.

Confira o que você pode fazer como alternativa para evitar que essa seja a única distração da família durante as refeições.

Uso de telas durante as refeições: pode ou não pode?

Uso de telas durante as refeicoes pode ou não pode

Como você já deve imaginar, especialistas em saúde e desenvolvimento infantil não recomendam utilizar telas durante as refeições — seja para crianças ou para adultos.

Nas crianças, a utilização de dispositivos eletrônicos ao comerem pode afetar a adoção de hábitos alimentares saudáveis. 

Além disso, essa prática pode diminuir a variedade de alimentos consumida, uma vez que voltar a atenção para as telas faz com que os pequenos não aproveitem para conhecer novos sabores e texturas.

Outro ponto importante é a influência no desenvolvimento da linguagem e das competências sociais. 

A hora da refeição é essencial para se estabelecer conversas e interação com os familiares, o que é imprescindível para aprimorar essas habilidades. 

Sem contar que, com o aumento da carga horária de trabalho dos pais, torna-se ainda mais importante priorizar o horário das refeições feitas em família.

E quando esse ato é trocado pelas telas, o potencial de aprendizado e vínculo cai muito.

Mas o impacto não é somente nas crianças…

Para os adultos, alimentar-se diante das telas também pode ser nocivo

Essa distração pode levar a uma “ingestão automática” da comida, sem se dar prioridade à qualidade e quantidade do que se consome, o que pode causar problemas como aumento de peso e dificuldade de digestão. 

Para se ter uma ideia, um estudo de 2019 revelou que o uso de smartphones durante as refeições pode levar a um aumento de até 15% no consumo de calorias. 

A pesquisa, realizada na Universidade Federal de Lavras (UFLA) em Minas Gerais, envolveu 26 homens e 36 mulheres.

Durante as sessões do estudo, os participantes puderam escolher entre alimentos com diferentes densidades calóricas, incluindo opções mais calóricas, como refrigerantes, biscoitos e chocolates, e alternativas mais leves, como frutas, iogurte natural, torradas e água.

Os resultados indicaram que tanto o uso do smartphone quanto a leitura elevaram a ingestão calórica em até 15% em comparação com a alimentação sem distrações. 

Além disso, essas atividades incentivaram um maior consumo de alimentos gordurosos, especialmente entre os homens.

Benefícios de refeições sem telas

Beneficios de refeicoes sem telas

Por outro lado, ter o costume de comer sem a presença de dispositivos eletrônicos gera muitos benefícios para crianças e adultos, como:

Melhora na qualidade alimentar

Ficar plenamente atento à refeição ajuda as pessoas a selecionarem alimentos mais saudáveis e a compreenderem quando estão saciadas.

Reforça laços familiares

Estar à mesa sem se distrair com telas é uma forma de incentivar conversas e reforçar o convívio e os relacionamentos entre os familiares.

Desenvolvimento infantil saudável

Para os pequenos, não ter telas nas refeições é uma maneira de auxiliar no desenvolvimento das competências sociais, cognitivas e de linguagem.

Falar é fácil, não é mesmo? 

Contudo, a realidade é que, no dia a dia, as telas acabam ajudando muitos pais a darem conta da hora da refeição – tarefa muito mais difícil quando os filhos não estão devidamente ocupados.

Assim, muitos pais acabam “apelando” para as telas como forma de acalmarem os pequenos, prenderem sua atenção e até mesmo como uma espécie de “moeda de troca”:

O famoso “Se você comer mais este brócolis, pode ficar 5 minutos a mais vendo TV”.

Sabemos que é difícil, mas há outras opções e mudanças no comportamento que podem auxiliar os pequenos sem ser necessário recorrer às telas.

6 alternativas para prender a atenção dos filhos durante as refeições

6 alternativas para prender a atencao dos filhos durante as refeicoes

1. Mindful eating

Mindful eating (que podemos traduzir como alimentação consciente) não é nada mais nada menos do que dar atenção plena à comida, incentivando os pequenos a ficarem atentos a sabores, texturas e aromas. 

Para isso, é fundamental que o ambiente esteja calmo e sem distrações, ou seja: sem dispositivos com telas.

E os pais podem tornar esse momento ainda mais educativo, perguntando sobre os alimentos, por exemplo: 

Como está o gosto da beterraba? Qual é a cor desse legume? 

2. Envolva o seu filho no preparo das refeições

Quando os pequenos fazem parte do planejamento e preparo da comida, se sentem mais incentivados a comer o que ajudaram a cozinhar.

 A depender da idade, eles podem auxiliar a lavar os alimentos, mexer nas panelas, elaborar o prato e até selecionar frutas, legumes e verduras na feira ou mercado.

Isso reforça a relação com os alimentos e possibilita aos pais ensinarem sobre os benefícios dos ingredientes de maneira mais divertida. 

Além disso, cozinhar em família é uma oportunidade de diversão e aprendizado.

Além disso, auxilia na valorização dos alimentos e pode diminuir a resistência a experimentar novos sabores e texturas.

3. Estabeleça horários para comer

Determinar horários regrados para as refeições desenvolve um senso de rotina e previsibilidade nos pequenos, auxiliando a comerem sem se distraírem. 

Quando eles sabem que há horários para as refeições, não “beliscam” tanto durante o dia e vêm à mesa com mais fome.

Os pais devem reforçar essas práticas, mas sempre paciente e consistentemente, respeitando o apetite e saciedade dos pequenos, e sem ceder à tentação de dar lanches a qualquer hora.

4. Tenham um local específico para as refeições

Estabelecer um lugar certo para comer auxilia no entendimento da criança de que aquele momento é especial para a alimentação. 

Isso significa, por exemplo, que ela começará a entender que não é o ideal se alimentar no sofá, na cama ou em frente às telas.

A mesa de jantar, por exemplo, precisa ser um ambiente acolhedor, em que os familiares possam se unir calmamente para interagirem. 

Os pais podem reforçar esse processo deixando o local organizado, usando cadeiras confortáveis e evitando distrações.

Assim, a criança percebe que deve se concentrar na refeição e na família.

5. Seja exemplo para o seu filho

“Em casa de ferreiro, espeto de pau.” 

Infelizmente, muitos pais seguem o famoso ditado quando se trata da educação alimentar dos filhos. 

Assim, se os pais têm uma alimentação equilibrada, comem com calma e não se distraem na hora das refeições, os filhos farão provavelmente o mesmo. 

Ou seja, os pais devem mostrar entusiasmo ao provar novas comidas, mastigar devagar e evitar o uso de telas.

Além disso, conversar sobre os alimentos e suas características de forma positiva ajuda a incentivar a curiosidade das crianças. 

Quando os pais fazem da hora de comer uma situação prazerosa e relaxante, os pequenos absorvem essa ideia e adotam hábitos mais saudáveis.

6. Torne o momento mais atrativo

Utilizar louça e talheres com cores ou com temas diferentes pode fazer com que essa hora se torne mais lúdica, especialmente para os mais novos.

Além disso, os pais podem fazer pratos criativos, cortando legumes e verduras de maneiras diferentes ou organizar os alimentos de forma chamativa.

Outra tática é fazer da refeição uma brincadeira, incentivando os filhos a adivinharem o sabor dos alimentos sem abrirem os olhos. 

Contar histórias sobre os ingredientes ou inventar personagens com os pratos também pode despertar a curiosidade e interesse das crianças, fazendo com que a refeição se torne mais agradável. 

Comer, comer… sem telas é melhor para poder crescer!

Sabemos que a tecnologia é vital para nosso cotidiano.

No entanto, é preciso definir limites para que situações como as refeições sejam valorizadas como momentos importantes.

Evitar distrações com telas à mesa auxilia no desenvolvimento de costumes alimentares mais saudáveis, promoção de diálogo entre a família e fortalecimento de laços.

Sabemos também que a mudança de costumes é difícil, mas pequenas adaptações nos hábitos podem fazer uma enorme diferença. 

Assim, é possível fazer das refeições um momento especial de convivência e trocas, sem que precisemos das telas.

E você, o que acha de utilizar telas nas refeições? Tem alguma dica ou experiência para compartilhar? Deixe sua opinião nos comentários!

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