Sharenting: o que é, riscos e 5 maneiras de proteger os filhos nas redes sociais

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Um pouco antes da pandemia, o WhatsApp lançou o recurso de figurinhas.

Muito mais expressivas do que os tradicionais emojis, as figurinhas logo conquistaram o coração dos brasileiros.

São diversas categorias: de pessoas famosas, como Neymar, até as famigeradas figurinhas de bom dia, tão compartilhadas por avós do país inteiro.

Porém, uma categoria que parece ser unanimidade entre os brasileiros, é a categoria das bebês coreanas – com certeza você já recebeu ou enviou uma figurinha com essa carinha tão conhecida.

Se hoje temos essas figurinhas, é por causa do sharenting.

A palavra em inglês recém adicionada ao dicionário oficial de Oxford, descreve a prática de pais que compartilham fotos, vídeos e informações sobre seus filhos na internet.

Os dados impressionam: mais de 40% dos pais do Reino Unido colocam fotos e vídeos de seus filhos em redes sociais.

Antigamente, apenas filhos de celebridades tinham suas vidas tão expostas: 

O nascimento da Sasha e as gestações da família real britânica, por exemplo, são eventos que foram ostensivamente compartilhados nas mídias tradicionais.

Com o advento das redes sociais e sua popularização, qualquer um pode mostrar o talento do seu filho para o mundo – seja por uma dancinha no TikTok ou uma reação inesperada narrada pelo Twitter.

Mas, afinal: o que isso pode trazer de benefícios para as crianças? 

E para os pais? Será que a prática de sharenting deve ser encorajada?

Siga conosco nesse texto e descubra mais!

O que é Sharenting?

Como já vimos, sharenting origina da língua inglesa e é a junção de duas outras palavras: share (compartilhar) e parenting (o ato da paternidade ou maternidade).

É usada para pais que têm o hábito de compartilhar nas redes sociais a vida do filho.

Não estamos falando de um fenômeno novo e muito menos pequeno.

Uma pesquisa de 2010 realizada pela empresa de segurança online AVG já mostrava que mais de 80% das crianças com menos de dois anos tinham presença online. 

E além disso, 25% estavam expostas desde antes de nascerem.

Vale pontuar que o sharenting se trata de uma presença digital frequente.

Se você compartilha pontualmente a rotina do seu filho ou o faz de forma que a criança se mantenha anônima, muito provavelmente não se encaixaria na definição.

Esse compartilhamento rotineiro pode ser feito pelo próprio perfil dos pais e outros responsáveis, em que mostra vídeos engraçados ou lembranças mais íntimas que gostariam de guardar.

Encontramos diversos perfis de mães que compartilham suas rotinas ainda na gravidez e depois continuam mostrando as faces da maternidade.

Isso, por exemplo, pode ser definido como sharenting.

Outra maneira que o ato pode ser feito é através de um perfil com o nome da criança, mas controlado pelos pais. 

As bebês coreanas que citamos no início do texto são excelentes exemplos.

Algumas pessoas postam vídeos de crianças com o objetivo de monetizar através delas. 

A capacidade de viralização que um conteúdo tem está diretamente ligada à sua espontaneidade – e crianças são espontâneas por natureza.

Mas não são raros os casos de crianças que praticamente adotam uma rotina de produção de conteúdo, quase como se fosse um trabalho.

Essa prática pode ser configurada como trabalho infantil e precisa atender a diversas normas na justiça.

As plataformas estão cada vez mais atentas a esse tipo de prática e buscam diminuir as maneiras de monetizar os vídeos infantis – como foi o caso do YouTube, que estabeleceu um conjunto de regras mais rígidas recentemente. 

Por que evitar a publicação de fotos dos filhos nas redes sociais?

A internet é extremamente vasta e trouxe muitas inovações positivas para o nosso dia a dia.

Parentes que moram longe podem se comunicar diariamente e estamos a um clique de distância de praticamente qualquer coisa.

Porém, ela também abriu as portas para novos tipos de golpes. 

O banco britânico Barclays concluiu em pesquisa que os filhos acabam sendo o “elo mais fraco” em fraudes online e roubo de identidade devido à quantidade de informação compartilhada pelos pais no ambiente online.

Outro ponto é sobre direito à imagem – a criança tem esse direito protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Dessa maneira, a exposição demasiada da imagem de uma criança pode ser considerada uma violação desse direito.

Por mais que você o faça em um ambiente seguro, não há garantia de que as fotos e vídeos não irão parar em outros locais não tão protegidos.

Os dados do relatório da UNICEF mostram que uma em cada cinco garotas e um em cada treze garotos já sofreram algum tipo de exploração ou abuso sexual antes dos 18 anos – e que muito provavelmente houve interação online em todos esses casos.

O alerta para a internet está em alta. 

No Brasil, um em cada três internautas são crianças. 

E o ambiente digital as deixa ainda mais vulneráveis.

Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Pediatria preparou um material de atualização para seus associados sobre essa exposição virtual das crianças em que fala um pouco sobre sharenting, inclusive.

Vale lembrar, por fim, que tudo que se posta na internet é “escrito em caneta permanente”. 

Portanto, vale se questionar: será que quando meu filho crescer ele vai gostar desse histórico digital?

Como proteger os dados dos filhos nas redes sociais?

Como proteger os dados dos filhos nas redes sociais

Estamos no século XXI e sabemos que não é sobre não estar presente nas redes sociais – mas, sim, sobre saber usá-las e se preservar.

Para garantir que você possa compartilhar os momentos bons das crianças com todos, algumas medidas podem ser tomadas.

Listamos 5 delas:

1. Não fotografar os menores em locais de fácil reconhecimento

Ou seja: para compartilhar vídeos da Festa Junina do seu filho na escola, escolha os que são em ambiente mais genérico (como nas quadras) e que não mostrem o nome da escola. 

O mesmo vale para fotos em que o uniforme escolar aparece. Vale colocar um emoji por cima do emblema e embaçar o fundo.

2. Não postar momentos privados, sem ou com pouca roupa, como em banho, praia, piscina

As regras das redes sociais para nudez valem para as crianças também. 

Portanto, existe o risco de a rede social excluir o seu perfil ao compartilhar esse tipo de conteúdo. 

3. Não colocar dados pessoais, como nome e números que identifiquem as crianças

Alguns pais famosos já adotaram a prática de não revelar o nome de seus filhos nas redes sociais.

Sendo assim, costumam se referir a eles apenas pela primeira letra ou por um nome inventado.

4. Não compartilhar localização física

As redes sociais nos deixam compartilhar a localização em quase todo post, mas devemos evitar ao máximo, principalmente tratando-se de crianças.

5. Criar contas fechadas 

Se seu perfil no Instagram é um perfil público, vale avaliar se não é possível torná-lo privado.

Dessa forma, você consegue limitar um pouco mais quem receberá de primeira mão as suas informações e o que você compartilhar do seu filho.

Compartilhando bons momentos em segurança

Deu pra ver que é possível compartilhar os momentos na rede social de forma segura, né?

O sharenting é algo que veio para ficar – e cabe aos responsáveis estarem atentos às melhores práticas e mudanças do mundo digital.

Afinal, essa reflexão não é sobre não utilizar as redes sociais, é sobre usá-las da maneira correta.

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