Por mais paradoxal que possa parecer, a obesidade infantil é uma das comorbidades mais comuns nos dias de hoje.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 39 milhões de crianças são obesas no mundo.
É difícil entender como isso acontece – afinal, crianças têm energia de sobra e, normalmente, não param quietas.
Fatores comportamentais e ambientais, no entanto, fazem com que os pequenos acabem se tornando sedentários.
O Brasil, inclusive, é o país mais sedentário da América Latina – e o quinto no ranking mundial, segundo a OMS.
Enquanto 47% dos brasileiros adultos são sedentários, 84% dos jovens se encaixam nessa descrição.
Mas, o que fazer para combater o sedentarismo infantil e mudar esse cenário?
Neste artigo trazemos 8 alternativas para driblar esse comportamento das crianças, explicamos as suas causas e também as principais consequências.
Confira:
O que você vai ver nesse artigo:
O que é sedentarismo infantil
O sedentarismo é a ausência de atividades físicas – parcial ou completa.
Uma pessoa pode ser sedentária em níveis diferentes.
Basta que não consiga realizar uma queima calórica eficiente ao longo dia.
Normalmente, as crianças são elétricas e não param – para o horror dos papais e das mamães.
Algumas crianças, porém, são mais quietinhas, e preferem atividades mais calmas, que não demandam tanto movimento.
Como diferenciar, então, se o seu filho (a) está sedentário ou é apenas uma criança pouco ativa?
O principal sinal de alerta é quando a criança se nega ou resiste muito a praticar qualquer tipo de exercício físico.
Por exemplo: ao convidar seu pequeno para jogar futebol, o mais normal é que ele queira brincar e passar tempo com você.
Se ele sempre recusar ou reclamar muito, preferindo ficar horas vendo televisão, vendo vídeos no celular ou jogando videogame, pode ser um sinal de que a criança está sedentária.
O ideal é que as crianças de 1 a 5 anos se exercitem pelo menos 3h diárias.
Depois dos 6 anos, pode ser 1h ou um pouco mais ao longo do dia, em períodos fracionados.
As crianças sedentárias não alcançam essa meta – e passam boa parte do dia deitadas ou sentadas.
Causas do sedentarismo infantil

Se as crianças têm energia de sobra para gastar, por que estão se tornando sedentárias?
As causas são múltiplas – e uma delas diz respeito ao fato de muitas famílias morarem em apartamentos, sem áreas externas para que a garotada possa brincar.
Além disso, mesmo aquelas crianças que moram em casas com espaço acabam não tendo a mesma liberdade que seus pais ou avós tiveram, devido à violência das metrópoles.
Soma-se a isso a grande oferta de joguinhos, vídeos e brincadeiras on-line.
Esse universo virtual faz com que os pequenos prefiram ficar sentados no sofá, com os olhos na televisão, no tablet ou no celular, em vez de interagir com outras pessoas na vida real.
Existem evidências que apontam que o uso excessivo de telas prejudica a interação social dos pequenos e pode desenvolver depressão, ansiedade e distúrbios do sono, como insônia.
Um estudo realizado na Holanda concluiu, ainda, que o comportamento das crianças sofre influência direta do ambiente no qual estão inseridas.
Se não há outra criança para brincar, por exemplo, é mais provável que seu filho se volte às telas e aos joguinhos on-line.
O ódio e o tédio também são inimigos das atividades físicas – se a criança já se acostumou a ficar parada, pode ser ainda mais difícil começar.
Existem também causas fisiológicas, como reumatismo, diabetes e problemas respiratórios, que diminuem a energia dos pequenos e reduzem a possibilidade de movimentação.
Consequências do sedentarismo infantil

Quando o sedentarismo infantil está associado ao uso excessivo de telas, é muito provável que a criança se isole, afetando o desenvolvimento social e emocional.
Mesmo que ela esteja interagindo com outras pessoas virtualmente, não há como substituir o “olho no olho” e os vínculos criados por meio de brincadeiras e da convivência.
Passar muito tempo deitado ou sentado também contribui para o aumento de peso, o que pode levar à obesidade infantil.
Além das consequências estéticas e psicológicas – crianças fora do peso são alvos de bullying com mais frequência –, a obesidade infantil acarreta problemas de saúde, como alterações cardíacas, respiratórias, ósseas e hormonais.
Se seus filhos passarem muito tempo nas redes sociais, podem se deparar com conteúdos inapropriados para a idade deles – não só eróticos, mas violentos ou perturbadores.
E, nas redes sociais, surge a comparação constante com outras crianças e até jovens mais velhos, o que costuma impactar negativamente a autoestima, especialmente das meninas.
Mesmo que você procure filtrar o conteúdo que a criança está acessando, fazer esse controle 24 horas por dia pode ser cansativo e ineficaz.
8 maneiras de combater o sedentarismo infantil

1. Imponha limites
Dificilmente, você conseguirá impedir que a criança tenha acesso às telas.
Essa já é a realidade dos nativos digitais – e banir totalmente o uso também pode acarretar consequências negativas, na medida em que o seu filho vai se diferenciar dos demais.
Recomenda-se, no entanto, que limites sejam estabelecidos, a fim de criar uma rotina a ser seguida.
Se a criança quiser ficar duas horas no celular, troque por meia hora de exercícios físicos.
2. Reduza o tempo que o seu filho fica na frente das telas
Estabeleça limites diários para o uso de dispositivos eletrônicos.
Que tal combinar uma ou duas horas por dia, no máximo?
Além de reduzir o contato com as telas, você já passa alguns ensinamentos sobre gestão do tempo aos pequenos.
Para que a criança não fique entediada, incentive atividades offline, como brincadeiras ao ar livre, pinturas e leitura.
3. Cuide da saúde física e mental do seu filho
Procure oferecer uma dieta balanceada e saudável aos pequenos, priorizando legumes, vegetais, frutas e proteínas.
Esteja atento a sinais de estresse ou ansiedade e busque ajuda profissional, se necessário.
Vale lembrar que o acompanhamento com um psicólogo, por exemplo, não é só para crianças com problemas mais graves como a depressão.
Conversar com um profissional pode ajudar a entender melhor porque seu filho não quer fazer atividade física e como ajudá-lo a mudar os hábitos.
4. Proponha atividades diversas
Organizar os brinquedos, inventar brincadeiras e até escolher a roupa que vai usar no dia, são atividades diferentes que podem fazer com que os pequenos se movimentem, deixando as telas de lado.
Seja criativo e, principalmente, envolva a criança nas tarefas do dia a dia.
Ou então vai fazer uma atividade física? Leve-a junto.
As crianças adoram participar, mesmo que do jeitinho delas!
Jogos de tabuleiro também são uma ótima opção para manter os pequenos entretidos por várias horas – e de uma forma mentalmente ativa.
📚 Veja também: 9 brincadeiras que desenvolvem a autonomia do seu filho
5. Entenda qual atividade física seu filho mais gosta
Fique atento às preferências do seu filho.
Não adianta forçar que a criança jogue futebol se o que ela quer mesmo fazer é andar de skate.
Essa, inclusive, é uma dificuldade dos adultos sedentários – se a pessoa se divertir fazendo a atividade, é muito mais provável que consiga manter a consistência.
6. Inscreva-o nas atividades extracurriculares da escola
Se o colégio da criança oferecer atividades extracurriculares, jogue-se!
Faça inscrição em todas que a ela demonstrar interesse.
Com o passar do tempo, vai ficar fácil perceber por quais ela realmente se interessa.
Explore várias opções, como teatro, clube de xadrez, natação e os mais variados esportes.
Veja também: Seu filho pratica esportes? 7 vantagens de incentivá-lo desde pequeno
7. Participe da rotina do seu filho
Se interesse, faça perguntas, participe!
As crianças adoram compartilhar o dia a dia com os pais nos mínimos detalhes.
Se você encontrar um tempinho para assistir ao futebol da escolinha, o engajamento do pequeno será maior.
Assim como se você participar das reuniões e eventos escolares.
8. Seja exemplo
Você não vai conseguir incentivar que seus filhos saiam do sofá se você passar o dia inteiro vendo televisão.
Crianças aprendem pelo exemplo!
É importante que eles vejam você fazendo exercícios físicos, nem que seja meia hora por dia.
Melhor de tudo: convide-o para se exercitar com você – respeitando os limites da criança, claro, afinal, cada um tem um ritmo.
Atividades físicas recomendadas para as crianças
Se você não sabe por onde começar, pode arriscar nas atividades físicas mais comuns para crianças, como: futebol, ballet e natação.
Aos poucos, você vai conseguir sentir se o interesse do seu filho está mais ligado a uma atividade ou outra.
Se a menina quiser jogar futebol ou o menino demonstrar interesse pela dança, incentive-os!
O importante é não ficar parado e se sentir bem praticando uma atividade física.
Separamos algumas dicas de atividades de acordo com as faixas etárias, segundo o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde.
Confira:
1. Crianças até um ano
- Brincadeiras e jogos que envolvam atividades que deixem a criança de barriga para baixo (de bruços) ou sentada movimentando braços e pernas.
- Brincadeiras que incentivem a criança a alcançar, segurar, puxar, empurrar, engatinhar, rastejar, rolar, equilibrar-se com ou sem apoio, sentar e levantar, entre outras.
2. Crianças de 1 a 2 anos
Brincadeiras e jogos que envolvam atividades como se equilibrar nos dois pés, equilibrar num pé só, girar, rastejar, andar, correr, saltitar, escalar, pular, arremessar, lançar, quicar e segurar, entre outras.
3. Crianças de 3 a 5 anos
- Brincadeiras e jogos que envolvam caminhar, correr, girar, chutar, arremessar, saltar e atravessar ou escalar objetos.
- Deslocamento ativo, a pé ou de bicicleta, sempre acompanhado dos pais ou dos responsáveis.
- Nessa idade, a atividade física também pode ser realizada na aula de educação física escolar, nas modalidades: natação, ginástica, lutas, danças e esportes.
4. Crianças e jovens dos 6 aos 17 anos
Qualquer atividade física, no tempo e no lugar em que for possível, é melhor que não fazer nada.
Antes feito do que perfeito!
Experimente diferentes tipos de atividade física para encontrar aquelas que o seu filho mais gosta.
O incentive a evitar ficar muito tempo sentado sem se levantar.
A cada uma hora, é importante movimentar-se por pelo menos 5 minutos e aproveitar para mudar de posição e ficar em pé, ir ao banheiro, beber água e alongar o corpo.
O que não pode é ficar parado!
Quando nem mesmo os pais conseguem incluir atividades físicas na rotina, fica ainda mais difícil incentivar que os pequenos se movimentem.
Busquem fazer exercícios juntos!
Vale caminhar pelo parque, sair para passear com o cachorro da família, brincar na garagem do prédio ou no pátio da casa.
Não cobre perfeição – mas não deixe que o sedentarismo tome conta da rotina.
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