A missão de ser pai e mãe é recheada de desafios. Além de cuidar de um pequeno ser que é totalmente dependente de você para estar vivo, você terá de prepará-lo para ser um adolescente e, posteriormente, um adulto.
O papel da família é inegável. Os primeiros anos da criança são de convivência praticamente exclusiva com os pais e familiares. Alguns anos depois, entra a escola, e esses desafios são compartilhados com os educadores.
Como, porém, garantir que você está tomando as decisões certas para desenvolver o senso de responsabilidade na infância?
Papais e mamães de primeira viagem, principalmente, podem não saber qual a melhor maneira de fazer isso, com medo de serem rígidos ou permissivos demais.
Esse artigo vai ajudar a encontrar um equilíbrio. Confira!
Senso de responsabilidade se gera desde cedo
Com o passar dos anos, as crianças, antes totalmente dependente dos pais, acabam desenvolvendo princípios de autonomia.
É na infância que os pequenos começam a criar um senso de independência e, assim, imitam comportamentos das pessoas que as cercam.
É fundamental que os pais dêem bons exemplos aos filhos – por muitos anos, serão os principais espelhos para o comportamento deles.
Ensinar os filhos a desenvolver a responsabilidade é um dos maiores desafios dos pais.
As crianças, embora pequenas, devem aprender a cuidar de seus pertences, a responder por seus atos e a cumprir obrigações – todas, é claro, de acordo com a idade que possuem.
Esse estímulo deve ser dado o quanto antes.
Crianças sem deveres e só com direitos podem se tornar aquele estereótipo conhecido de “criança mimada” e, ao longo dos anos, podem desenvolver uma crença de que realmente não têm obrigações.
Torna-se mais difícil para esses adolescentes, que logo se tornarão adultos, lidar com os desafios e as frustrações da vida.
Considerando a idade e o nível de maturidade da criança, é preciso que aprendam, desde cedo, a ter responsabilidade. Isentar uma criança da consequência de um ato não é educativo.
A ideia é fazer com que ele compreenda que tal atitude não é positiva e que ele deve evitá-la. Lembre-se: importante ensinar com diálogo, amor e carinho.
Atividades para cada faixa etária
Conforme as crianças vão crescendo, é possível distribuir tarefas que sejam adequadas para a faixa etária. Os pequenos normalmente querem participar e gostam de imitar os adultos, então, é provável que ficarão felizes em participar!
Mesmo assim, não esqueça de supervisioná-los.
Mantenha em mente que você está propondo que seu filho ou filha cumpra essa tarefa como um exercício para desenvolver o senso de responsabilidade na infância.
É provável que o trabalho não fique perfeito ou da mesma forma que ficaria caso você mesmo o fizesse. Esse não é o objetivo da atividade, certo?
Assim que tiverem capacidade, as crianças podem ser estimuladas a guardar seus próprios brinquedos e a organizar o material escolar. É importante transmitir confiança suficiente para que a criança se sinta capaz de realizar pequenas atividades.
Entre os 2 e os 4 anos, os pequenos já podem aprender a manter o quarto e os brinquedos organizados. Você também pode ensiná-los a separar as roupas sujas que já usaram para que sejam lavadas.
Tarefas simples e que não requerem muita lógica são ideais para essa faixa etária.
Um pouquinho mais crescidos, crianças de 5 a 8 anos já conseguem arrumar a cama, tirar o pó de brinquedos e objetos, deixar a roupa suja no cesto (e não só atirada em algum lugar do banheiro), varrer o chão e dobrar roupas limpas.
É interessante estimular também a ideia de que essas tarefas, embora obrigatórias ao dia a dia, trazem benefícios dos quais eles mesmo desfrutarão. Uma casa organizada e arrumada é um reflexo da organização da própria vida da pessoa, e eles podem compreender isso desde cedo.
No final da infância e na fase de pré-adolescência, as crianças já entendem mais o funcionamento da casa. Podem ajudar a recolher o lixo, limpar o micro-ondas, lavar e secar a louça e supervisionar crianças menores.
Ah! Também é importante que as atividades sejam sempre distribuídas igualmente entre os filhos, independentemente de gênero.
Não estimule a divisão entre tarefas de menino e tarefas de menina. Em um lar, todos são responsáveis, e meninos e meninas têm a mesma capacidade de executar tarefas.
Cada criança tem o seu tempo
Não existe uma fórmula única ou mágica para desenvolver o senso de responsabilidade na infância. Cada criança é única. Ao receber tarefas, os pequenos podem desenvolver um método próprio para executá-las, e talvez esse método não seja o ideal ou o mais rápido.
Não perca a paciência.
Lembre-se: você está ensinando seu filho a criar uma noção de responsabilidade, algo que será muito importante no futuro.
A chave para ensinar é o amor e o respeito. Ouça a criança, respeite a opinião dela. Demonstre confiança no que ela está fazendo. E, quando os erros vierem, seja tolerante.
Uma tarefa interessante e que obrigatoriamente gera um senso de responsabilidade na infância é deixar o pequeno encarregado de uma plantinha ou de um animal de estimação.
Vale, também, pets virtuais, que precisam ser cuidados e alimentados, e que demandam atenção.
Fuga de responsabilidade: como evitar
A fuga da responsabilidade é resultado da falta desse estímulo ao compromisso ou de um excesso de cobrança.
A família e os professores precisam estar atentos ao desenvolvimento dos pequenos, analisando a evolução da maturidade de cada um e dando orientações para o crescimento pessoal.
Esse atendimento deve ser personalizado. Evite padronizar o comportamento de irmãos, por exemplo – são crianças parecidas e que convivem muito entre si, mas são únicas e com personalidade própria.
Estabeleça regras claras. Lembre seus filhos de que há direitos e deveres, mesmo dentro de casa. Essa imposição de limites é fundamental. Se as crianças não souberem o que é esperado delas, não será possível cobrar que respeitem regras.
Também não ignore as consequências quando as crianças descumprirem os combinados. Com amor e respeito, é necessário mostrar a elas que erraram.
Essa noção de autoridade paterna e materna é necessária para que as crianças não interpretem que podem sair impunes quando deixarem de fazer algo que lhes foi demandado.
Responsabilidade é coisa séria. Quando a criança fizer algo errado ou deixar de fazer algo que seria tarefa dela, lembre-a de que esse ato tem consequências negativas.
A partir desse tipo de conversa, os pequenos se tornam mais conscientes do que estão fazendo.
Crianças que se responsabilizam por suas ações estão propensas a se tornarem adultos mais seguros e que tomam melhores decisões. É uma aprendizagem que terá benefícios para a vida profissional, para a convivência em sociedade e para os relacionamentos na vida adulta.
Conclusão
Embora existam dicas e orientações que podem auxiliar os pais na hora de ensinar responsabilidade na infância, não há uma única maneira ou fórmulas exatas.
É preciso respeitar a individualidade da criança e ter paciência para observar as tentativas, os erros e os acertos dos pequenos.
Mesmo sem combinados pré-definidas, o que se pode dizer é que a criança pode ser ensinada com amor e carinho.
Esse tipo de aprendizado não está escrito em livros. Os pais precisam dar o exemplo em casa para que as crianças os imitem e entendam que esse é o funcionamento de uma sociedade organizada, na qual todos têm direitos e deveres.
O quanto antes eles apreenderem essa dinâmica, melhor estarão preparados para o futuro.