O mundo vive uma verdadeira epidemia de obesidade e esse problema afeta também o Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, os brasileiros atingiram o maior índice de obesidade em 13 anos. De 2006 a 2018, aumentou em mais de 67% o número de pessoas obesas no país.
Se esses dados por si só já são alarmantes, o problema se agrava quando analisamos os índices de obesidade na infância.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2012, 33,5% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade já apresentavam sobrepeso.
Outro estudo do Ministério da Saúde, de 2019, apontou que, na mesma faixa etária, o percentual de obesidade chega a 12,9%.
Se esse ritmo de crescimento se mantiver, a estimativa é que, em 2025, tenhamos mais de 11 milhões de crianças obesas no Brasil.
E isso é extremamente preocupante, uma vez que pessoas que são obesas durante a infância têm muito mais chances de se tornarem adultos com sobrepeso e obesidade, além dos riscos do desenvolvimento de uma série de problemas sociais e de saúde ainda na primeira fase da vida.
Neste post, vamos abordar mais sobre a obesidade na infância: o que é, como acontece, quais problemas e doenças decorrem dessa condição e o que pode ser feito para evitá-la. Acompanhe!
O que é obesidade infantil?
De maneira simples, a obesidade infantil se caracteriza quando crianças ou adolescentes se encontram em situação de excesso de peso que leva ao mal estar físico e psicológico.
Convencionou-se considerar obesidade na infância quadros em que a criança passou em 15% a média de peso de outras pessoas da sua mesma idade.
Além disso, também é utilizado o índice de massa corporal (IMC), que, nesses casos, deve estar ao menos dois desvios-padrão acima da média observada na idade do paciente.
Como acontece a obesidade infantil
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com outras instituições, estabeleceu os principais fatores que podem levar à obesidade em jovens.
Importante notar que a maioria deles se enquadra em questões comportamentais, ou seja, hábitos diários que, como tais, poderiam ser evitados e/ou mudados.
São eles:
- Sedentarismo e falta de atividade física;
- Hábitos alimentares;
- Problemas psicológicos;
- Questões biológicas (hereditariedade, tendência genética etc.).
Problemas e doenças da obesidade infantil
A obesidade na infância traz riscos não somente à vida adulta do indivíduo, como pode resultar em complicações já nos primeiros anos de vida. Não à toa, a ciência vislumbra pela primeira vez uma geração que poderá viver menos e com menos qualidade do que seus pais.
Dentre os problemas que podem surgir decorrentes do sobrepeso e da obesidade estão patologias como hipertensão, diabetes tipo 2, aumento no colesterol, acúmulo de gordura no fígado, apneia do sono, refluxo gástrico e problemas osteoarticulares.
Em adolescentes, o excesso de peso pode levar a quadros gravíssimos, como AVC e infarto.
Além disso, a obesidade infantil é apontada com uma das principais causas de disfunções em todo o mundo.
Entre elas, destacam-se problemas como câncer, malformação do esqueleto e doenças do coração.
Outra complicação da obesidade na infância são os problemas relacionados à autoestima e ao bem estar, bem como o desenvolvimento de transtornos psicológicos, desencadeados, sobretudo, pela prática de bullying.
Por fim, contrário ao que muitos acreditam, crianças obesas podem ter desnutrição. Isso acontece principalmente por conta da má alimentação, que vem piorando nas últimas quatro décadas, grande parte em função do consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, sódio e gordura.
Para se ter uma ideia, 32% das crianças com menos de 2 anos consomem bebidas açucaradas cinco ou mais vezes por semana.
7 dicas para evitar a obesidade infantil
A prevenção à obesidade na infância passa, principalmente, por uma série de mudanças comportamentais, não apenas das crianças como principalmente de seus pais.
Mas existem outras medidas que podem ser tomadas em diferentes fases da vida. São elas:
1) Cuidados na gravidez
A realização de um pré-natal adequado pode ter influência no peso e na saúde da criança. Quadros danosos durante a gestação, como obesidade materna, tabagismo e diabetes gestacional, estão relacionados ao sobrepeso na infância.
2) Aleitamento materno
Muitos estudos associam a amamentação adequada à prevenção da obesidade na infância. Não à toa, isso se tornou campanha governamental. É preciso seguir as recomendações médicas, entre elas aleitamento exclusivo até os 6 meses e associado a alimentação complementar até os 2 anos.
3) Alimentação
É preciso acostumar as crianças desde pequenas ao consumo de frutas, verduras, legumes e hortaliças.
Recomenda-se que elas consumam cinco porções de frutas e verduras todos os dias e que se evite o consumo de comidas prontas, sejam doces ou salgadas.
4) Medicamentos
Muitos remédios podem aumentar o risco de obesidade na infância. O caso mais emblemático é dos antibióticos. Por isso, é fundamental medicar a criança apenas com orientação de um profissional.
5) Atividades físicas e telas
Estudos apontam que, ao chegar aos 18 anos, um jovem moderno terá passado até três anos em frente a uma tela. Como consequência clara desse hábito, ele realiza muito menos atividades físicas do que o recomendado.
Por isso, é fundamental que os pais controlem quanto tempo que a criança passa no celular e incentivem brincadeiras fisicamente ativas, como jogar bola, andar de bicicleta etc.
6) Sono
Uma noite mal dormida gera cansaço, atrapalha o rendimento escolar, causa problemas emocionais e também colabora para a obesidade na infância.
Isso ocorre porque a baixa qualidade do sono desregula hormônios envolvidos no controle da fome e da saciedade.
Veja também: Hora de Criança Dormir: 11 dicas para uma boa noite de sono
7) Exemplo e inspiração
Como comentamos, a mudança de hábitos para a prevenção da obesidade infantil deve partir dos pais. São eles que definem os alimentos que entram em casa e o que será servido em cada refeição.
Vale lembrar que os pais são o modelo em que os jovens se inspiram e, caso os hábitos alimentares e comportamentais dos pais sejam ruins, é inevitável que os seus também o sejam.
Além desses fatores, é importante ressaltar que a prevenção à obesidade na infância também passa por políticas públicas de instrução de pais e responsáveis, restrições de propagandas e medidas claras de alerta e controle em produtos ultraprocessados.
Outro passo para a prevenção deve ser dado no ambiente escolar, tanto em relação ao que é servido às crianças quanto ao que é passado em sala de aula.
A obesidade na infância já é um problema no Brasil e quanto mais os pais estiverem instruídos sobre o assunto, mais fácil será combater essa questão a fim de criar uma geração mais saudável.