Durante a adolescência, é comum que os jovens intensifiquem suas rotinas de estudo e atividades extracurriculares a fim encerrar o ciclo escolar com bom desempenho no ensino médio e se preparar para o vestibular.
É também nessa época que muitos deles começam a se deparar com dificuldades de concentração e execução de tarefas, colocando em xeque a capacidade de encarar os desafios que vem pela frente.
As razões que dão origem a este cenário são variadas, mas existe uma que merece a atenção da família: a possibilidade de ser um caso de déficit de atenção na adolescência.
Calma, não se espante com o que você leu até agora.
Milhares de pessoas convivem com déficit de atenção e levam vidas normais e bem-sucedidas.
Nossa tarefa não é criar preocupação, mas apresentar dicas e informações que vão ajudar no auxílio dos jovens que apresentam essa condição.
Neste artigo vamos mostrar para você quais são as características do déficit de atenção na adolescência e como você pode ajudar seu filho a superar os desafios trazidos por ela.
O que você vai ver nesse artigo:
O que caracteriza o déficit de atenção na adolescência?
A Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição genética que aparece na infância e pode acompanhar uma pessoa durante toda sua vida.
Ela está presente em cerca de 8% da população infantil de todo o mundo. Segundo a Associação Brasileira de TDAH, estima-se que 30% dos pacientes apresentem os sintomas também na idade adulta, mesmo que de forma branda.
O déficit de atenção na adolescência pode ser identificado pela família quando o jovem apresenta uma série de comportamentos como problemas para acompanhar o conteúdo escolar, vício impulsivo em certas atividades (como jogos eletrônicos) e até desafios em sua rotina social.
É comum que os adolescentes portadores de TDAH também tenham desafios para organizar suas rotinas, cumprir tarefas simples e lineares (como arrumar sua cama todos os dias), lembrar de recados ou informações importantes e manter o ambiente sem bagunça.
6 principais sintomas do déficit de atenção na adolescência para ficar de olho
Um dos sintomas mais comuns e detectáveis da TDAH é a dificuldade de acompanhar um discurso mais longo, como acontece em aulas ou até mesmo em filmes, séries e livros que eles gostam.
O portador de TDAH tem dificuldades em se concentrar e absorver as informações repassadas, o que compromete a absorção de conhecimentos e a aprendizagem.
Além da desatenção, são considerados sintomas clássicos:
1. Alteração de humor
O jovem apresenta picos de raiva, ansiedade, tristeza, inquietação, agressividade e felicidade.
2. Esquecimento
Como resultado da sua dificuldade de concentração, muitos portadores de TDAH têm tendência a esquecer compromissos e tarefas rotineiras.
3. Falta de concentração
Mesmo se esforçando, o adolescente tem muita dificuldade para se concentrar na atividade que está sendo executada. Como resultado desse desafio, é comum que o jovem desenvolva sintomas depressivos e problemas de autoestima e autoconfiança.
4. Inquietação
A inquietação pode ser detectada em momentos como jantar em família. O portador de TDAH tende a ter dificuldades para se manter parado enquanto todos estão se alimentando.
É comum que eles sejam os primeiros a terminar e levantar da mesa, quando são impedidos de sair, podem ficar irritados ou desenvolver atitudes que demonstram inquietação, como o chacoalhar das pernas ou pegar objetos da mesa para se distrair.
5. Indisciplina
Jovens com TDAH tendem a questionar regras, descumpri-las e desafiar limites, inclusive se colocando em perigo sem perceber.
6. Egoísmo
Pacientes com TDAH podem apresentar dificuldades para relacionar suas atitudes com as consequências que elas trazem, logo, são considerados egoístas e insensíveis por pessoas próximas.
Quais são as causas do déficit de atenção?
De acordo com a Associação Brasileira de TDAH, as causas do déficit de atenção na adolescência, assim como na infância, geram controvérsias.
Existem teorias que relacionam o surgimento dela com a genética e outras que englobam não só o fator hereditário, mas também condições da gravidez e contextos familiares.
Fatores Genéticos
Pesquisas feitas ao redor do globo apontam que a predisposição ao TDAH está ligada aos nossos genes. Ensaios científicos demonstram que a doença é mais comum em crianças cujos pais apresentam os sintomas.
Para entender mais sobre o procedimento feito pelos cientistas para relacionar o TDAH com a genética, recomendamos que leia esta página do site da Associação Brasileira.
Problemas na gestação
Outra linha de estudos científicos busca relacionar o consumo de nicotina, álcool e outras substâncias na gravidez com o surgimento do déficit de atenção.
De acordo com a teoria, o consumo dessas drogas afeta o desenvolvimento da região frontal orbital do cérebro, o que pode desencadear o TDAH no bebê.
O sofrimento fetal também está englobado aqui. Pesquisas apontaram que mulheres que tiveram problemas no parto têm mais chance de terem filhos portadores de TDAH.
Exposição ao chumbo
O chumbo é um metal pesado que se acumula em nosso organismo e pode desencadear problemas severos de saúde. Alguns cientistas tentam relacionar a intoxicação por chumbo em crianças como uma das causas para o surgimento de sintomas do TDAH.
Desafios familiares
Existe uma corrente de estudos médicos psicológicos que relacionam o TDAH com problemas de ordem familiar vivenciados pela criança, ausência de pai ou mãe na rotina, funcionamento familiar desordenado (ex: muitas brigas, violência doméstica, vícios dos pais, etc).
ATENÇÃO: é importante ressaltar que o TDAH não é um transtorno 100% compreendido pela comunidade científica. Como você pôde ver, existem teorias bem diferentes e que buscam entender as causas por meio de observações distintas.
Nossa preocupação neste tópico foi apresentar algumas das linhas de pensamento mais comuns, porém, não existe teoria totalmente comprovada.
Como tratar o déficit de atenção?
A primeira coisa que você deve saber é que nenhum jovem deve receber tratamento para déficit de atenção na adolescência sem ter diagnóstico realizado por especialistas.
É muito comum encontrar casos de famílias que recorreram antecipadamente às drogas como Ritalina e Concerta sem necessidade, o que é um perigo para a saúde e pode gerar problemas como dependência química.
Segundo site da Associação Brasileira de TDAH, o tratamento deve ser feito com base na combinação de:
- Medicamentos prescritos por especialistas (neste caso, a indicação deve ser feita por psiquiatras ou neurologistas);
- Orientação para pais e professores;
- Orientação para o portador;
- Tratamento psicoterápico (quando necessários, seja para ajudar na orientação ou auxiliar no combate de sintomas como depressão).
Caso o portador de TDAH também apresente sintomas de Dislexia e Disortografia (dificuldade de se expressar por escrito), é recomendado que o tratamento também englobe sessões de fonoaudiologia.
De olho nos medicamentos e seus efeitos
É importante que todos os pais saibam que drogas como Ritalina e Concerta possuem alto grau de eficiência, mas podem trazer problemas para o adolescente quando administradas em doses erradas.
É importante que os pais acompanhem seus filhos e analisem seus comportamentos e atitudes durante o uso dessas drogas.
O consumo deve ser responsável e respaldado pelo médico, afinal, os medicamentos são considerados aditivos e possuem efeitos colaterais que podem atrapalhar a rotina do adolescente.
Faça um bom acompanhamento e não hesite em marcar uma nova consulta para debater a dosagem e o tipo de medicamento caso perceba que seu filho está sofrendo com falta de apetite, insônia, dores de cabeça ou nervosismo excessivo.
A importância do apoio familiar antes e após o diagnóstico de TDAH
Pacientes com TDAH podem sofrer com dificuldades de relacionamento, disciplina e socialização, que se somam aos desafios de aprendizagem. É importante que a família acolha o jovem e ajude-o em dois pontos importantes:
- Na compreensão de que a condição de saúde não o impede de fazer nada que ele deseja;
- No suporte perante as adversidades que a TDAH traz.
Neste segundo ponto, é importante falar sobre reações comuns em famílias, como repreensão em caso de notas baixas ou castigos para desvios de comportamento e não cumprimento de atividades.
Como pais e tutores, é importante cobrar comprometimento e disciplina para que o jovem possa desenvolver senso de responsabilidade e organização pessoal.
Contudo, nunca se esqueça que uma pessoa com TDAH tem dificuldades que ela não é capaz de controlar, portanto, a punição nem sempre é o melhor caminho.
As famílias devem procurar ajuda médico-psicológica para oferecer conforto ao paciente e redução dos sintomas negativos, porém, complementar esse cuidado com apoio dentro de casa é essencial.
5 dicas para lidar com déficit de atenção em ano de vestibular
O déficit de atenção na adolescência pode prejudicar a preparação para o vestibular e oferecer obstáculos para o jovem entender qual é o futuro profissional que deseja construir.
Veja algumas dicas importantes para esta etapa da vida dos jovens portadores de TDAH.
1. Fique longe dos eletrônicos
Dispositivos como celulares, videogames, computadores e televisões são um prato cheio para o desvio de atenção.
Eles são objetos de distração comum de qualquer jovem, contudo, para o portador de TDAH é difícil manter a disciplina e evitar o contato com esses aparelhos na hora dos estudos.
A melhor solução é criar um espaço dedicado para as atividades escolares, longe de distrações eletrônicas.
2. Cuidados com o silêncio do ambiente
Para um jovem com TDAH, qualquer coisa pode se tornar uma distração. De nada vai adiantar criar um ambiente de estudos separados dos eletrônicos se o local for barulhento ou se pessoas transitam e conversam por ali.
Até assuntos completamente alheios à realidade do adolescente podem prender sua
atenção e fazê-los desviar dos conteúdos escolares, por isso, o ideal é que o local seja tranquilo, silencioso e longe de distrações.
3. Ajude na criação de uma rotina
Auxilie seu filho a criar uma rotina para estudos e ofereça a ele uma forma simples e fácil de acompanhar suas tarefas e organizar as atividades.
Você pode fazer, por exemplo, um planejamento semanal e fixar o cronograma de atividades no quarto e na área de estudos.
Se quiser aprofundar ainda mais na organização, vale criar um roteiro de estudos junto com ele, apresentando as matérias e temas que devem ser analisadas a cada dia.
4. Acompanhe o desempenho
Mesmo que você não seja muito bom com algumas das matérias escolares, tente acompanhar seu filho, conversar com ele sobre os exercícios e temas estudados.
Isso vai te ajudar a entender se ele está conseguindo absorver e acompanhar e, ao mesmo tempo, pode servir como um reforço de aprendizado para ele.
Ao compartilhar com você o que aprendeu, o jovem está fazendo um esforço para te ensinar, o que ajuda a reforçar o conteúdo.
5. Estimule a escrita
Se o seu filho tem dificuldades para acompanhar e absorver as leituras, peça para que ele crie resumos das matérias estudadas.
A escrita também ajuda a fixar o aprendizado, ainda mais quando é feita a mão (já que exige um nível de concentração ainda maior).
Precisamos falar sobre TDAH
A soma do tratamento adequado com o suporte familiar e social trazem grandes benefícios para os jovens portadores de TDAH, o que é indispensável para o bem-estar deles e superação dos desafios como a ansiedade e a depressão que podem surgir.
E fica nosso recado final: nunca relacione TDAH com insucesso profissional. A condição é um desafio para a rotina, mas não impossibilita seu filho em nenhum aspecto.
Existem exemplos de pessoas muito bem-sucedidas e que conviveram com o déficit de atenção na adolescência, como é o caso de Bill Gates, criador da Microsoft, e Richard Branson, empresário e dono da Virgin e Michael Phelps, nadador multimedalhista olímpico.
O TDAH pode até ser um desafio, mas nunca um limitador.
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