Cyberbullying: o que é e por que os pais devem estar atentos

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O bullying no ambiente escolar sempre foi um desafio a ser combatido.

Não é de hoje que as escolas tomam medidas para evitar esse tipo de agressão.

Seja por meio de ações educativas ou através de códigos de conduta escolar, constantemente estão ensinando os alunos a refletirem sobre as consequências de suas atitudes. 

Entretanto, atualmente os jovens têm em suas mãos uma ferramenta que permite que o bullying ultrapasse o ambiente escolar: a internet.

Nos últimos anos, o cyberbullying – que seria o bullying praticado no meio virtual – se tornou um desafio tão grande quanto sua versão “presencial”.

Neste artigo, reunimos algumas informações essenciais para que você entenda melhor o que é o cyberbullying, como ele ocorre e como é possível identificá-lo e evitá-lo.

Confira.

O que é Cyberbullying?

O que é Cyberbullying

O cyberbullying é uma forma de bullying que ocorre online, utilizando tecnologias, como redes sociais, mensagens de texto, vídeos, fotos, e e-mails para assediar, intimidar, difamar ou ameaçar uma pessoa. 

Para começar esse assunto, é importante relembrar que o bullying é um comportamento repetitivo e hostil destinado a ferir, intimidar ou causar desconforto a outra pessoa. 

O termo se originou na língua inglesa, onde “bully” significa “valentão” e o sufixo “ing” representa uma ação contínua.

Entre crianças e adolescentes, o bullying pode se manifestar de diversas maneiras, seja por meio de um apelido pejorativo até violência física e/ou emocional. 

E no ambiente virtual, esse comportamento é chamado de cyberbullying. 

A palavra consiste na junção do termocyber” de “cybernetic” (cibernético), que se refere àquilo que está ligado à rede de informação e comunicação na internet e o termo bullying propriamente dito.

E o ponto de atenção é que na internet os agressores ganham ainda mais alternativas para importunar suas vítimas, tais como:

  1. Criação de perfis falsos para esconder a identidade e permitir que as agressões sejam ainda mais intensas;
  2. Disseminação de boatos e fake news;
  3. Compartilhamento de imagens editadas e manipuladas para criar narrativas e fatos mentirosos;
  4. Criação de grupos de colegas em apps de mensagem, onde o intuito é hostilizar outras pessoas. 

Como resultado desse tipo de agressão, as vítimas podem desenvolver severos problemas sociais, emocionais, psicológicos e físicos. 

O que faz o cyberbullying ser ainda mais cruel é que ele se torna mais constante que a versão “presencial”.  

Afinal, o agressor e a vítima não precisam estar convivendo presencialmente, e mesmo estando em casa (que seria seu ambiente seguro), a vítima pode estar sendo alvo.

Por que os pais devem ficar atentos?

É importante que os pais fiquem atentos ao cyberbullying por dois motivos principais: 

  1. Seus filhos podem ser vítimas ou agressores. 
  2. E, em ambos os casos, as consequências podem ser bastante intensas. 

Caso seu filho seja vítima de cyberbullying, é preciso estar atento aos comportamentos engatilhados pelas agressões, como:

  • Isolamento;
  • Depressão;
  • Aumento da agressividade;
  • Queda no desempenho escolar;
  • Relutância em ir para a escola;
  • Crises de ansiedade e pânico;
  • Fuga de compromissos sociais.

Nestes casos, é necessário dar suporte afetivo, buscar auxílio dentro do ambiente escolar e de um psicólogo como forma complementar, para entender o que está acontecendo.

A escola pode auxiliar com medidas de flexão e conscientização dos alunos e suas famílias, através de práticas que reforcem a importância do convívio social.

O Objetivo Sorocaba, por exemplo, promove aos responsáveis o Bate-Papo Aberto.

Um evento que conta com a participação de profissionais especialistas em assuntos que permeiam a infância e a adolescência.

Entre os especialistas que já participaram estão:

A Doutora em Psicologia Camila Karino que conversou com os pais sobre a Cidadania Digital e a Dra. Carolina Defilippi,  que mostrou aos responsáveis como proteger os filhos do mundo virtual e real. 

Agora, caso seu filho esteja no papel de agressor, lembre-se que existem consequências na esfera jurídica.

Na esfera cível, o cyberbullying pode ser enquadrado como difamação, calúnia, injúria ou ameaça. 

Nestes casos, a vítima pode pedir indenizações financeiras por via judicial, e o prejuízo recairá sobre os responsáveis, caso o agressor seja menor de idade. 

Lembre-se também que o bullying agora está tipificado no código penal, o que significa que seu filho pode ser enquadrado como alguém que comete um crime de acordo com as diretrizes do ECA.  

Como identificar a ocorrência de cyberbullying dentro de casa

Como identificar a ocorrência de cyberbullying dentro de casa

Em muitos casos, as crianças e jovens podem ocultar dos pais que estão sendo vítimas de agressão, tanto presencial quanto pelos meios digitais. 

Por isso, é essencial conhecer algumas formas de identificar o cyberbullying e seus efeitos. 

Confira abaixo 4 dicas para identificar esse tipo de problema: 

Analise os comportamentos do seu filho enquanto ele usa dispositivos eletrônicos

Dificilmente seus filhos – ainda mais os adolescentes – irão te contar o que e com quem eles estão conversando na internet, por isso, é importante saber observar.

Fique atento ao comportamento ao usar dispositivos como celulares e computadores, especialmente os aplicativos de mensagem e redes sociais.

Um aumento muito grande ou uma diminuição drástica na frequência de uso podem ser um indicativo de que alguma coisa diferente está acontecendo.

Fique de olho também nas emoções e reações do seu filho enquanto ele utiliza os dispositivos. 

Um semblante fechado, triste ou agoniado pode ser uma demonstração de que a conversa não está agradável. 

Seu filho esconde o celular quando você chega?

Muitos jovens e crianças têm o hábito de ocultar a tela do celular quando os pais chegam perto. 

Isso pode ser um pedido involuntário de privacidade.

Porém, também serve como um indício de que algo que está sendo compartilhado ali não deve ser conferido pelos responsáveis.

Em muitos casos, esse comportamento pode ser inofensivo. 

Por exemplo, sua filha adolescente pode estar com vergonha de assumir que está “paquerando” alguém da turma pela internet. 

Contudo, em alguns casos, esse movimento de ocultar a tela pode significar algo mais complicado, como uma tentativa de esconder uma agressão sofrida ou praticada. 

Então, o responsável sempre tem que estar a par do que pode estar acontecendo.

As emoções negativas são constantes?

O comportamento pode ser um indicativo de cyberbullying. 

Se seu filho está apresentando emoções negativas com constância ou está fugindo de compromissos sociais (como sair com os amigos), isso pode ser um sinal de alerta.

Fique de olho nas mudanças de comportamento, na perda de interesse por atividades ou pessoas e nos momentos de solidão.

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Como estão as relações sociais do seu filho?

Seu filho adorava jogar futebol com os amigos, mas agora não quer mais sair de casa? 

Sua filha deixou de sair com as amigas? 

Fique atento a esses sinais e busque diálogo para entender os motivos desse “desapego”. 

5 dicas para evitar o cyberbullying 

5 dicas para evitar o cyberbullying 

Seu filho pode ser uma vítima ou um agressor.

Seja qual for a situação, seu papel como pai ou mãe é evitar esse tipo de problema e educar para que ele não se repita, concorda? 

Por isso, confira algumas dicas para evitar o cyberbullying e seus efeitos negativos:

1. Tome cuidado com aquilo que se publica na internet

Primeiramente, ajude seus filhos a entenderem aquilo que deve ou não ser publicado na internet. 

Momentos de intimidade e diversão podem servir como combustível para que colegas façam bullying.

Além disso, você também deve tomar cuidado com o que posta para não expor demais sua família. 

Lembre-se que hoje em dia é muito comum ter milhares de seguidores nos perfis e simplesmente esquecer quem é que te segue.

Em um caso como esse, você pode – de maneira inofensiva – postar uma foto com a legenda “fofucho da mamãe” e esquecer que amigos do seu filho te seguem.

Pronto! Aquela postagem já pode ser motivo de chacota.

Além desses aspectos, conscientize seus filhos sobre a exposição de seus corpos. 

Fotos íntimas e reveladoras também são armas perigosas nas mãos dos praticantes de cyberbullying.

E, neste caso, um compartilhamento de conteúdo pessoal pode ser devastador.

2. Monitore a utilização das redes sociais

Redes sociais são ambientes virtuais bem complexos, e nem sempre as crianças e adolescentes estão preparados para utilizar esses canais de comunicação.

Por isso, vale a pena verificar a forma como eles utilizam as redes, quais são os perfis que eles seguem e que tipo de conteúdo eles compartilham. 

Inclusive, há aplicativos para controle parental que você pode adotar, como:

  • Controle de Pais – FamiSafe 
  • Google Family Link
  • AppBlock
  • Controle Parental Screen Time

Em todo caso, sempre que se deparar com uma atitude errada, eduque e demonstre o quão nocivo essa ação pode ser para outras pessoas. 

3. Converse sobre o assunto

Cyberbullying é coisa séria e tem consequências graves para vítimas e também para agressores.

Portanto, é essencial que este assunto faça parte dos temas que você conversa com seus filhos.

Aborde o tema com seriedade e demonstre que você não irá tolerar comportamentos agressivos.

Também sinalize que você é um ponto de apoio caso seu filho esteja sofrendo com esse tipo de comportamento.

4. Fale sobre respeito

Respeito é bom e cabe em qualquer lugar. 

Esse velho ditado dá a tônica da conversa que você deve ter com seus filhos.

É essencial conscientizá-los sobre a importância de respeitar e ser respeitado

Lembre-se que esse é um ensinamento para a vida toda e que pode ser aplicado em inúmeras situações.

5. Não hesite em procurar ajuda

Em casos de cyberbullying ou em cenários mais graves – que podem até envolver a exposição da intimidade – não demore a pedir ajuda

Acione a escola e procure o auxílio de um psicólogo para ajudar seu filho a lidar com a situação da melhor maneira possível.

E se o caso tomar proporções muito maiores, é importante fazer um boletim de ocorrência e acionar um advogado.

Leis e decretos em combate ao cyberbullying

Leis e decretos em combate ao cyberbullying

Existem no Brasil algumas leis e dispositivos legais que podem ser aplicados para punir comportamentos relacionados ao cyberbullying:

Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014)

O Marco Civil da Internet não aborda diretamente o cyberbullying, porém, ele estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet. 

Dessa forma, ele pode servir como base para casos judicializados para responsabilizar o agressor por danos causados pelo conteúdo que foi disseminado.  

Lei de Crimes Cibernéticos (Lei 12.737/2012)

Conhecida como “Lei Carolina Dieckmann”, essa legislação trata de crimes cibernéticos.

Ela pode ser aplicada em situações de invasão de dispositivos, roubo de informações e outras práticas relacionadas ao cyberbullying.

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990)

O ECA aborda questões relacionadas à proteção de crianças e adolescentes.

Também pode ser acionado em casos de cyberbullying, especialmente se algum dos agressores for maior de idade.

Código Penal (Decreto-Lei 2.848/1940)

Disposições do Código Penal, como calúnia, difamação, injúria, ameaça, podem ser aplicadas em casos de cyberbullying, dependendo das circunstâncias.

Combate à Intimidação Sistemática (Lei 13.185/2015)

Este dispositivo legal aborda as medidas de conscientização e apoio às vítimas de bullying e cyberbullying. 

Porém, a lei não determina punição aos agressores, ela apenas propõe algumas práticas para prevenção e práticas educacionais. 

Lei 14.811/2024

Sancionada em janeiro de 2024, esta lei inclui o bullying e o cyberbullying dentro do Código Penal e faz com que alguns crimes que estão previstos no ECA sejam considerados hediondos.

Seu filho livre para ser quem quiser

O cyberbullying é um assunto sério e que merece muita atenção dos pais, tanto para conscientizar os filhos quanto para acolhê-los.

É preciso ter em mente os efeitos negativos e os desdobramentos judiciais desse tipo de atitude.

Além disso, combater esse tipo de problema é essencial para a educação e a cidadania das crianças e adolescentes.

Portanto, não pense que bullying é “coisa de criança chorona” ou “algo normal”. 

Nossa sociedade mudou e nós devemos acompanhar as evoluções positivas que estão sendo propostas.

Se você gostou deste conteúdo, deixe seu comentário e ajude-nos a enriquecer a discussão sobre o cyberbullying e seus efeitos! 

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