Talvez você já tenha visto a seguinte cena:
João, um menino de cinco anos, está brincando com seus coleguinhas de escola.
De repente, ele simplesmente empurra um amiguinho que pegou o brinquedo que ele queria.
A professora intervém e nota que essa não é a primeira vez que João age dessa maneira e comunica os pais.
Os responsáveis, preocupados, se questionam: “Isso é comum? O que pode ser feito?”
Casos como esse são normais na infância, mas é essencial compreender quando a agressividade infantil faz parte do desenvolvimento e quando pode ser algo mais grave.
Por isso, neste artigo exploramos o que é a agressividade infantil, suas causas, como lidar com ela e quais são os sinais de alerta para buscar ajuda especializada.
O que é agressividade infantil?

A agressividade infantil se refere a comportamentos impulsivos e hostis de crianças, que podem se manifestar por meio de empurrões, gritos, mordidas, palavras ofensivas e tapas.
Até certa idade, esses comportamentos são “comuns” e fazem parte do desenvolvimento infantil.
Isso porque as crianças ainda estão aprendendo a entender emoções como frustração, medo e raiva.
A agressividade costuma ser mais frequente entre crianças de 2 e 4 anos, época em que a comunicação verbal ainda está se desenvolvendo.
Contudo, quando esses comportamentos continuam depois dessa etapa ou ficam mais intensos e frequentes, é preciso analisar suas causas.
Além disso, é fundamental avaliar se a agressividade acontece somente em certos locais ou com certas pessoas, porque isso pode sugerir que a criança está reagindo a impulsos específicos.
Por exemplo, um ambiente estressante em casa ou dificuldades de socialização na escola podem incentivar o comportamento agressivo.
Criança agressiva: o que pode ser?

Diversos são os fatores que podem contribuir para a agressividade infantil.
Abaixo, fizemos uma lista com algumas das principais razões:
Fatores ambientais e emocionais
- Estresse causado por excesso de estímulos, como telas e dispositivos eletrônicos;
- Necessidade de atenção e dificuldades em expressar sentimentos;
- Exposição a ambientes violentos ou com excesso de conflitos;
- Mudanças na rotina (como chegada de um irmão, troca de escola, mudança de cidade);
- Frustrações e dificuldades na comunicação.
Desenvolvimento comportamental
- Excesso de permissividade ou rigidez extrema na educação;
- A falta de limites claros pode levar à adoção de comportamentos inadequados;
- Crianças podem reproduzir comportamentos agressivos observados em adultos ou em mídias.
Transtornos psicológicos e quadros psicóticos
- Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH);
- Transtorno do Espectro Autista (TEA);
- Transtorno de Conduta (TC);
- Transtorno de Oposição Desafiante (TOD);
- Transtorno Afetivo Bipolar;
- Esquizofrenia.
Se a agressividade da criança está relacionada a problemas sociais ou dificuldades frequentes, recomenda-se buscar avaliação de um profissional.
Psicólogos e neuropsicólogos podem auxiliar na identificação de possíveis transtornos envolvidos e quais táticas são melhores para o caso analisado.
6 dicas para lidar com a agressividade infantil

Os pais e educadores desempenham um papel imprescindível na gestão da agressividade infantil.
Veja a seguir algumas estratégias:
1. Coloque limites claros
Crianças precisam compreender quais comportamentos são aceitáveis e quais não são.
Falar “não pode bater no amiguinho” deve vir acompanhado de explicações e opções para que a criança expresse sua frustração de forma saudável.
2. Ensine habilidades socioemocionais
Auxilie a criança na expressão de emoções com palavras e na resolução de conflitos de forma pacífica.
Uma boa dica é perguntar: “Como você está se sentindo?” e dar alternativas como “Você está incomodado porque queria o brinquedo?”.
Saiba mais: Como falar sobre emoções com o seu filho? 5 formas de entrar no assunto
3. Evite reforçar comportamentos agressivos
Se a criança recebe o que quer através da agressividade, ela continuará a utilizá-la.
É importante não ceder diante de acessos de raiva e reforçar comportamentos positivos.
4. Modele comportamentos positivos
Demonstre, no cotidiano, como resolver atritos de maneira respeitosa.
Se os adultos que fazem parte da vida da criança gritam ou reagem agressivamente, a criança pode entender que esse é o comportamento esperado.
5. Auxilie a criança a reconhecer e nomear emoções
Muitas vezes, a agressividade surge porque não há um vocabulário emocional.
Ensinar expressões como “Estou bravo”, “Estou frustrado” e “Necessito de ajuda” pode fazer uma grande diferença.
6. Procure ajuda profissional quando necessário
Se a agressividade for intensa e persistente, um psicólogo infantil pode ajudar a identificar a razão e a desenvolver estratégias adequadas.
Realizar um acompanhamento com um profissional pode fazer diferença no longo prazo.
O que NÃO fazer quando a criança for agressiva
A criança foi agressiva?
Veja o que você não deve fazer de jeito nenhum após a demonstração de agressividade:
- Não castigue de forma extrema, pois isso pode reforçar ainda mais o comportamento agressivo;
- Não negligencie sinais de transtornos emocionais;
- Não recompense comportamentos inadequados;
- Não rotule a criança como “violenta” ou “ruim”;
- Não ignore comportamentos agressivos recorrentes;
- Não responda com agressividade.
Criança irritada X criança agressiva
É vital saber diferenciar comportamentos irritados e agressivos.
Afinal de contas, toda criança pode se irritar de vez em quando, mas quando a irritação se torna muito comum e se manifesta agressivamente, é sinal de que pode haver um problema maior.
Momentos e/ou situações em que se deve procurar ajuda:
- Quando há histórico familiar de transtornos comportamentais e emocionais;
- Quando a criança apresenta acessos de raiva que duram muito tempo e são difíceis de controlar;
- Quando você sente que não consegue lidar com a situação;
- Quando a criança machuca outras crianças ou adultos com frequência;
- Quando a agressividade interfere na rotina escolar e familiar.
Veja também: Birra infantil: por que acontece? 5 dicas para lidar sem surtar
Agressivo ou não, o seu filho ainda é uma criança e precisa de ajuda
A agressividade infantil é um desafio comum enfrentado por pais e educadores.
No entanto, é essencial compreender que, por meio desse comportamento, a criança está tentando comunicar algo.
E como adultos, nosso papel é buscar entender essa manifestação, já que o repertório emocional infantil ainda é limitado e necessita de apoio para se desenvolver.
Com táticas adequadas, é possível auxiliar a criança no desenvolvimento de formas saudáveis de expressar suas emoções.
Detectar as razões do comportamento agressivo e fazer uma intervenção positiva, ou seja, agir de forma acolhedora para ajudar a criança a entender e expressar seus sentimentos sem agressividade, é muito importante para o desenvolvimento emocional infantil.
É essencial não se esquecer de que cada criança, assim como cada adulto, é única e pode ter diferentes gatilhos para sua agressividade.
Avaliar, entender e agir pacientemente são etapas fundamentais para auxiliá-las em um crescimento equilibrado.