Assim como os adolescentes, os pais, muitas vezes, também ficam constrangidos ou confusos sobre como conversar com filhos sobre namorados.
Afinal, essa conversa, geralmente, envolve a palavra sexo.
A insegurança sobre este diálogo é perfeitamente normal, mas não é desculpa para não o ter.
É importante para os pais, que se preocupam com a segurança e a saúde dos filhos, assim como para os adolescentes, que precisam tanto de informação confiável quanto de apoio emocional.
Mas como iniciar essa conversa?
Qual é a idade certa?
Sobre o que se deve (ou não) falar?
Muitas dúvidas rondam este momento e, com a ajuda de especialistas, lhe ajudaremos a encontrar as respostas.
O que você vai ver nesse artigo:
Quando é a idade certa para conversar com filhos sobre namorados?
Afinal, devo conversar sobre namoro antes ou depois que meu filho começar a namorar?
Assim como não existe idade certa para começar a namorar, não existe um momento pré-determinado para conversar sobre o tema.
De acordo com a psicopedagoga Fabiana Menezes, o melhor é aguardar o momento em que o adolescente quiser contar.
“Se existe espaço para a conversa franca com os pais, desde cedo, ele irá se aproximar no momento em que sentir que é hora para abordar esse assunto. Forçar a barra pode afastá-lo ainda mais”, afirma Fabiana.
A psicopedagoga explica, ainda, que invadir a privacidade dos filhos não deve sequer ser cogitado, sob pena de eles descobrirem e, aí sim, se criar um abismo entre vocês.
“Ler diários e abrir gavetas em busca de provas de um possível namoro vai fazer com que os pais ganhem um inimigo. É preciso respeitar o espaço dele”, orienta ela.
A recomendação é diferente para o assunto “sexo”.
A maioria dos especialistas recomenda falar sobre isso antes mesmo de o adolescente iniciar o namoro, porém, não tão cedo a ponto de o assunto ficar confuso na cabeça dele.
Por isso, uma boa recomendação é iniciar as conversas sobre educação sexual quando seu filho tiver por volta de 13 anos, porque nessa idade os jovens estão começando a socializar e a ter interesse uns nos outros.
Mas não se preocupe se o tema surgir antes disso.
Assim como namoro, nem todo interesse ou o que o seu filho disser tem o mesmo significado para ele e para você.
Um exemplo clássico disso é: seu filho de 9 anos lhe diz que está namorando e você já imagina ele beijando fervorosamente alguém. Na verdade, ele só está trocando bilhetes ou mensagens apaixonadinhas.
Ficando ou namorando?
É por essa diferença de interpretação, que, na verdade, é uma diferença geracional, que surge a tradicional questão: meu filho está ficando ou namorando?
Para isso, é preciso saber a diferença entre os dois rótulos – que nada mais são do que acordos entre duas pessoas.
Segundo a psicóloga Kamila Moura:
“Tanto o namoro quanto o ficar são formas de interação afetivo-sexual dos adolescentes, são formas de exercício da sexualidade, de socialização e da construção da identidade”.
Ficar é uma forma relativamente recente de relacionamento, em que as pessoas se conhecem, interagem socialmente (não necessariamente sexualmente) e o compromisso é flexível.
É uma forma de trocar carícias e ter intimidade, sem compromisso de fidelidade. É um momento de descobertas e sensações sobre o corpo e sobre si mesmo.
Já o namoro tende a ser o passo seguinte ao ficar. Depois de um tempo “ficando”, as duas pessoas decidem evoluir para um compromisso, que inclui as carícias e a intimidade, mas também exigências, como a fidelidade.
No namoro, o sexo também é opcional e não é obrigatório. Por isso, se seu filho lhe disser que está ficando ou que está namorando alguém, não faça pré-julgamentos. Converse!
3 pontos para deixar claros na conversa sobre namoro

1. Ouça tanto quanto fala (ou mais)
Pela insegurança e ansiedade do momento, os pais podem se atrapalhar querendo dar muitas orientações e compartilhar suas experiências com os filhos. Mas é preciso lembrar que é um diálogo, e não um monólogo.
Por isso, ouça tudo que seu filho tem a dizer. O campo da sexualidade está cheio de informações erradas e, se ele não tirar a dúvida, corre o risco de ficar preso a ideias que não são verdade.
Além disso, ouvir mais do que falar pode deixar o adolescente mais à vontade, de forma que ele conduza a conversa conforme o que lhe aflige.
Isso é importante para que pai e mãe não seja (apenas) a parte que cobra e exige, mas, também, um porto seguro nesse momento de tantas transformações e inseguranças que é a adolescência.
2. Uso de preservativos
Essa é uma das partes que pode ser chata da conversa, mas obrigatória. É fundamental conversar com seu filho sobre a importância dos preservativos de modo aberto.
Explique que, além de ser um método contraceptivo e que ele é muito jovem para ter filhos/engravidar, também previne DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).
Fale sobre os riscos que elas podem causar para a saúde e o futuro dele. E deixe claro que, sendo menino ou menina, ele tem o dever de carregar preservativo sempre consigo e de não aceitar transar sem proteção.
Veja também: Machismo na criação dos filhos: 7 cuidados para não criar crianças machistas
3. Orientação sexual
Um bom diálogo sobre namoro e sexualidade não pode deixar de fora o tema orientação sexual. Seu filho precisa saber que tanto relações heterossexuais quanto relações homossexuais são comuns na natureza humana.
Aproveite essa oportunidade para quebrar mitos homofóbicos geralmente impostos pela sociedade. Assim, você estará plantando uma sementinha e espalhando mais amor e empatia no mundo.
Mais apoio, menos repressão
Como você viu, existem alguns conselhos, mas poucas regras quando se trata de falar sobre namoro e sexo com os filhos. O que nunca pode faltar é respeito e educação.
Prepara-se psicologicamente e com informações bem fundamentadas para iniciar essa conversa sobre relacionamento e sexualidade.
Fale, sim, sobre os riscos, sobre como se proteger e sobre como enfrentar os problemas que irão surgir.
Mas mantenha a porta do diálogo sempre aberta. Deixe seu filho à vontade e passe o máximo de segurança possível sobre o assunto.
Ele até pode não seguir à risca o que você diz, mas ao menos terá conhecimento e saberá sua opinião sobre esses temas e com certeza refletirá antes de tomar atitudes.