Depois da verdadeira maratona que foi lidar com Matheus aos 8 anos, Marta e Roberto respiraram aliviados quando o pequeno soprou as 9 velinhas.
Certamente, agora, Matheus estaria mais velho e mais maduro.
Marta e Roberto teriam sossego.
Quem sabe agora conseguiriam, finalmente, ver um filme até o final?
Bom…
Não queremos estragar o barato do casal esperançoso.
Geralmente, aos nove anos, as crianças estão menos agitadas.
Mas estão longe de já ter a maturidade de um adulto.
Quer saber como funciona o comportamento infantil aos 9 anos?
Nosso artigo vai lhe dar dicas sobre o comportamento infantil nessa faixa etária!
O que você vai ver nesse artigo:
Como é o comportamento infantil aos 9 anos?
Ao mesmo tempo em que as crianças de 9 anos estão um pouco menos agitadas, elas começam a se interessar – e muito – sobre assuntos variados.
Por exemplo, a criança pode se sentir muito compelida a batalhar para evitar a extinção de bebês-foca no Canadá ou a fazer algo prático para impedir o avanço do aquecimento global.
O lado bom – ou ruim – é que elas definitivamente vão querer incluir você nessa jornada.
Então, não se surpreenda se você for arrastado para uma longa conversa sobre o que pode ser feito em prol do planeta.
Aos 9 anos, as crianças estão ficando emocionalmente mais maduras – e podem começar a se interessar mais sobre questões que vão além do dia a dia da família.
O desenvolvimento cognitivo dessas crianças também está avançando.
Elas seguem crescendo, ficando mais altas e mais fortes – algumas menos do que outras, claro, dependendo do biotipo físico de cada pequeno – e já estão mentalmente preparadas para se engajar em esportes de competição, como ginástica olímpica ou natação.
Ao mesmo tempo… Bom, elas ainda são crianças.
Então, pode ser que toda a empolgação com uma possível expedição ao Canadá se transforme em mau humor e tédio – ou que desapareça completamente.
Isso porque a faixa etária dos 9 ainda é uma montanha-russa emocional – e os pais estão juntos nesse vagão.
Ele(a) se torna cada vez menos o seu “bebêzinho”
Aquele jeitinho fofo de falar de uma criança está cada vez mais distante.
Uma criança de 9 consegue manter os mesmos padrões gramaticais de um adulto – e mesmo pessoas que não estão acostumadas com o seu filho ou com crianças de modo geral vão conseguir entender o que ele está dizendo.
Verbalizar emoções, sentimentos e vontades já não é um desafio para o pequeno.
Para encorajar ainda mais o desenvolvimento do vocabulário , você pode ler em voz alta para as crianças e conversar bastante com elas, introduzindo novas palavras.
Aliás, o dever de casa das crianças passa a ser um pouco mais interessante.
Agora, seu filho realmente sabe o que está fazendo – e já consegue se expressar melhor de forma escrita.
Uma fase ideal para incentivar os bons hábitos
Leve a criança a livrarias, permita que ela investigue a estante da família e veja a mágica acontecer.
Não se surpreenda se encontrar o pequeno refugiado no quarto e lendo até tarde, porque precisa muito terminar o capítulo do livro.
Além de conseguir entender e de se interessar por vários tipos de leituras, a criança já consegue diferenciar alguns tipos de textos.
Você pode esperar que a criança consiga fazer uma pesquisa para um trabalho escolar na internet sem grandes dificuldades.
A partir dos 9 anos, as crianças já têm interesses próprios.
Sejam eles livros de suspense, jogos de futebol ou até um fanatismo por séries como Star Wars: a criança, agora, consegue se manter realmente focada em um assunto só.
Porém, mesmo que agora eles consigam se concentrar em um assunto por um bom período, pode ser que percam interesse naquilo e rapidamente encontrem uma nova obsessão.
As habilidades matemáticas da criança também começam a evoluir na faixa etária dos 9 anos.
Agora, o pequeno já sabe fazer multiplicações e divisões de múltiplos dígitos e começa a aprender frações e geometria.
Pensamento lógico e analítico já é uma realidade para crianças dessa idade.
Adicionar e subtrair frações, reconhecer diferentes ângulos e saber como medi-los e organizar dados e informações em uma apresentação ou relatório é algo que a criança terá familiaridade aos 9 anos.
Fique especialmente atento caso a criança desenvolva um super interesse por matemática ou apresente uma facilidade além do normal para essa matéria.
Nunca se sabe, não é mesmo?
Você pode ter um pequeno geniozinho dormindo no quarto ao lado.
Manualmente mais hábeis
As habilidades motoras se tornam mais refinadas – fechar botões e zíperes se torna mais fácil, e as crianças já conseguem se vestir e se pentear sozinhas.
Essa facilidade pode fazer com que o pequeno se interesse por atividades manuais, como brincar com ferramentas, costurar ou desenhar e pintar.
Se você puxar pela memória, com certeza vai lembrar de coleguinhas do colégio que vendiam pulseirinhas de miçanga nessa idade – isso se você não foi uma delas.
Novas emoções, novos medos
Aos 9 anos, as crianças já são mais conscientes de si mesmas e já prestam mais atenção às próprias emoções.
Embora as crianças dessa idade já não temam mais um monstro embaixo da cama, elas sabem que existem crimes e desastres naturais.
E o pior de tudo – elas sabem que, de repente, podem perder os pais.
Os medos se tornam mais reais e você pode precisar acalmar a criança se ela apresentar algum sintoma de ansiedade.
Fique atento se a ansiedade parecer excessiva ou se causar sintomas físicos, como dor de barriga ou de cabeça. Nesse caso, busque um pediatra.
É nessa faixa etária que ocorre a famosa crise dos 9 anos – conhecida como Rubicão.
É um momento em que a criança sente medos antigos retornando ou desenvolve novos.
São mudanças no corpo, nos hormônios e nas emoções.
O pequeno percebe que a vida não é infinita, que os pais têm defeitos – e que também vão morrer – e que coisas tristes acontecem com todo mundo.
Então, não se assuste se a criança começar a falar de morte, questionar o que vai acontecer com ela se você morrer ou perguntar os motivos pelos quais tragédias acontecem.
Embora não saiba verbalizar isso, a criança de 9 anos está de luto pela criança inocente que era e que está deixando de existir.
Sabe que está crescendo e não consegue lidar direito com isso.
Como resposta, podem querer ficar mais grudadas nos pais, como se estivessem se recusando a crescer.
A forma como a criança lida com isso varia muito de acordo com a personalidade.
Então, fique atento se o pequeno estiver mais ansioso, mais retraído ou agitado demais.
A boa notícia é que essa crise costuma ser passageira.
Se você sentir que o pequeno está sofrendo demais, pode ser interessante buscar auxílio terapêutico.
Novas formas de interagir e fazer amizades
Aos 9 anos, as crianças já estão prontas para formar vínculos duradouros, como amizades.
Ao mesmo tempo, também se tornam mais influenciados pela pressão do grupo – como querem pertencer e se encaixar, as crianças podem querer imitar os amiguinhos, mesmo em comportamentos pouco saudáveis.
O lado bom é que a criança de 9 anos ainda é muito apegada aos pais.
Então, quando se sentir insegura, ela provavelmente ainda vai se sentir à vontade para buscar o colinho da mãe ou do pai.
E agora, a partir dos 9 anos, as crianças já se sentem mais à vontade para interagir com amiguinhos do sexo oposto, algo impensável nos primeiros anos de escola.
Pode ser que o seu filho também desenvolva paixonites nessa faixa etária – e, às vezes, podem guardar segredo sobre isso ou confidenciar tudo em um diário.
Vale lembrar que a criança já está experimentando algumas alterações hormonais, o que pode justificar as mudanças de humor.
É um ensaio para a pré-adolescência – que, cientificamente, começa aos 10 anos.
5 dicas para lidar com o comportamento infantil aos 9 anos
1. Se puder, faça terapia
Essa é uma dica válida para todas as pessoas de todas as faixas etárias, mas é especialmente interessante para os pais de uma criança de 9 anos.
Assim como a criança está de luto por quem está deixando de ser, você também pode começar a sentir falta daquele bebezinho que dependia de você para tudo.
É importante saber lidar com o crescimento dos filhos – inclusive para saber como orientá-los nas diversas fases da vida.
Fazer acompanhamento terapêutico pode ser uma forma de se preparar para acompanhar todas as mudanças que, agora, começam a acontecer rapidamente.
2. Tenha paciência
Essa dica também é válida para todas as pessoas, de todas as idades, mas acredite: você realmente vai precisar de muita paciência.
Seja para lidar com o Rubicão, seja para aguentar um questionário de 15 perguntas sobre a vida na selva, seja para ouvir relatos dos mais diferentes hobbies dos pequenos…
O comportamento infantil aos 9 anos está em acelerado desenvolvimento.
A criança está mentalmente agitada, e vai precisar que você a acompanhe.
3. Estabeleça limites
Nessa faixa etária, as crianças ainda têm muita energia.
Mas, agora, elas sentem outra coisa: paixão pelos próprios interesses.
Então, se você não determinar que a criança precisa ir dormir no máximo às 22h, ela pode querer ficar lendo até 1h da manhã.
Estabelecer uma rotina familiar ou de atividades de uma criança ainda é muito importante para que ela entenda que têm responsabilidades e deveres – e vai ajudá-la a ter mais disciplina quando adulta.
4. Tenha empatia
Embora a criança já esteja mais madura, com maior compreensão do mundo, é ainda apenas uma criança.
Quando estiver muito difícil lidar com as crises de teimosia, mudanças de humor ou energia infinita, lembre-se disso.
Você também já teve 9 anos, ansioso para saber tudo sobre o mundo e, ao mesmo tempo, um pouco ansioso, com medo do desconhecido.
É uma fase de muitas emoções e mudanças.
Procure não exigir da criança uma maturidade que ela ainda não tem.
5. Fortaleça a autoestima do seu filho
Nessa fase, os pequenos já sabem quem são. Já estão conscientes da própria aparência e já se comparam aos coleguinhas.
Não reforce esse tipo de comparação.
Evite dizer que alguém é mais inteligente, mais magro, mais bonito ou mais esperto que o seu filho.
Isso pode gerar uma crise de autoestima – e, normalmente, a coisa tende a piorar com a chegada da adolescência.
Fortaleça a autoestima do pequeno.
Reconheça suas vitórias e não deixe que ele se desanime ao errar ou ao não ir bem em uma prova.
Crianças confiantes e que se sentem bem consigo mesmas são capazes de resistir à pressão negativa dos amiguinhos e serão capazes de tomar melhores decisões para elas mesmas.
Já é hora de trabalhar a educação sexual?
Aos 9 anos, alguns sinais da puberdade podem começar a aparecer, principalmente nas meninas.
Isso significa que, embora ainda tenham a mentalidade de uma criança, algumas meninas já começam a ver os seios mais desenvolvidos ou a ter pelos pubianos.
Algumas, inclusive, já experimentam a menarca nessa idade – a primeira menstruação.
Algumas meninas crescem muito nessa faixa etária e ficam mais altas que os meninos, o que pode causar vergonha por algum período.
Se a sua filha já tiver seios e as outras meninas ainda não, ela também pode se sentir envergonhada.
No caso dos meninos, a puberdade costuma chegar mais tarde. No entanto, alguns passam a desenvolver pelos pubianos e faciais.
Como estão mais cientes de quem são, as crianças não querem ser alvo de piadinhas e se tornam mais conscientes da própria aparência.
Tenha paciência e empatia durante essa fase.
Por exemplo, se a criança quiser usar roupas mais largas para esconder os seios, permita que o faça.
Aos poucos, os pequenos se acostumam com essa nova fase corporal e o que causou estranhamento passa a ser natural.
A gente sabe que essa conversa é constrangedora e ninguém quer realmente ter de passar por isso, mas você precisa enfrentar a realidade – seus filhos estão crescendo.
É preciso que, nessa idade, a criança seja informada sobre as funções dos órgãos genitais internos e externos.
A menina precisa saber que tem órgãos diferentes dos meninos – e que não deve mostrá-los a eles em público. O mesmo vale para os meninos.
Vale prepará-los para algumas mudanças que podem causar estranhamento, como a transpiração aumentada, odores corporais, dores nos seios ou o surgimento de pelos.
Além disso, todas as crianças precisam saber que não é normal que um adulto ou mesmo uma criança mais velha as toque ou peça para vê-las sem roupa.
Isso é muito importante – vai ajudar a criança a identificar alguma situação de perigo com mais facilidade.
Procure tratar esses temas com naturalidade para que a criança não se sinta intimidada.
É muito provável que ela esteja envergonhada e sinta ainda mais vergonha de falar sobre isso.
Se você transformar o tema em tabu, é muito provável que ela se sinta ainda menos compelida a conversar com você sobre educação sexual.
Que comece a montanha-russa de novas emoções
O comportamento infantil aos 9 anos é uma montanha-russa para os pequenos – e para os pais.
Agora, os dilemas são outros, mais profundos, e você precisa ter paciência não só para brincar e para acolher, mas também para lidar com crises existenciais.
Nem sempre será fácil.
Mas, ao mesmo tempo, será uma fase fascinante observar seu pequeno bebê se equilibrar entre a infância e a pré-adolescência.
Aproveite a jornada – e se surpreenda ao aprender coisas novas com seus filhos.
Já passou por essa fase com seu pequeno? Conte sua experiência nos comentários.