Gritar com os filhos: 3 motivos para largar esse hábito

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Estudos recentes mostram que gritar com os filhos pode ser prejudicial e desencadear problemas de comportamento e depressão. 

Essa atitude também dá margem para que eles gritem com você de volta. Ou seja, mostra que não há problema em perder o controle quando se está nervoso(a). 

Mas diante de uma vida tão corrida, como os pais podem parar de gritar com os filhos? 

Quais estratégias podem ser utilizadas para evitar a agressividade e adotar uma comunicação não violenta?

Descubra em nosso artigo completo sobre o assunto:

O que acontece no cérebro do seu filho quando você grita com ele(a)

Bater, gritar e xingar a criança são estratégias de disciplina que podem ser destrutivas a longo prazo. 

Conforme estudo publicado pela Revista Científica da Academia Americana de Pediatria, crianças que são vítimas de abusos verbais constantes na infância apresentam mais problemas de comportamento  e depressão na adolescência em comparação às que são criadas sem o uso de nenhum tipo de violência. 

E tem mais. 

Uma pesquisa realizada pelas universidades de Michigan e a de Pittsburgh também indica que agressões verbais e berros em casa podem dificultar o aprendizado de crianças e adolescentes e ainda incentivá-las a brigar na escola. 

Segundo a psicóloga Piedad Gonzáles Hurtado, gritos continuos têm seu impacto no cérebro humano e no desenvolvimento neurológico da criança, afinal o ato de gritar tem uma finalidade muito concreta em todas as espécies. 

É nessa hora que o nosso “sistema de alarme” se ativa e libera cortisol, hormônio do estresse, que tem como objetivo habilitar as condições físicas e biológicas necessárias para fugir ou lutar”. Esse processo, além de afetar o equilíbrio emocional, afeta capacidade de atenção e outros processos cognitivos da criança. 

 Aproveite e leia: Chantagem emocional com os filhos: por que você não deve usar essa técnica

3 motivos para parar de gritar com os filhos

1) Gritar é inútil

Na visão do especialista em educação dos filhos, Scott Turansky, gritos nada mais são do que uma estratégia de manipulação. 

Para ele, a agressividade verbal, além de deturpar a mensagem, diminui o poder das palavras. Em vez de ajudar, só desgasta a relação entre você e seus filhos. 

2) É lei

Agressões verbais e punições físicas são práticas proibidas desde 2014, quando foi promulgada a Lei Menino Bernardo, também conhecida como Lei da Palmada. 

A norma alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente e  estabeleceu o direito de as crianças serem educadas e cuidadas sem o uso de castigos físicos ou de tratamento verbal cruel. 

3) Também é emocionalmente insustentável 

Gritar com os filhos é emocionalmente insustentável. Segundo especialistas, além de induzir à mentira, esse tipo de criação gera uma profunda desconexão entre pais e filhos, corta os laços e fecha a comunicação, deixando reflexos consideráveis na vida adulta. 

Os gritos constantes também mostram que não há problema em perder o controle, deixando margem para que eles aprendam a responder no mesmo tom e levem essa agressividade para a vida adulta. 

Acesse também: Como ensinar empatia aos filhos? 5 passos para ter um filho mais empático

4 dicas para parar de gritar com os filhos

1) Adote a disciplina positiva

Para os pais que querem melhorar a relação com os filhos, a prática da disciplina positiva é um ótimo caminho. 

Desenvolvido pela educadora norte-americana Jane Nelsen, o conceito propõe que  a disciplina seja ensinada sem punição ou castigo, mas com firmeza e gentileza. 

É importante frisar que tirar a ferramenta do castigo não significa ser permissivo. Na visão da educadora parental Elisama Santos, não existe nenhum limite que não possa ser colocado de maneira gentil. 

2) Transforme as suas emoções negativas

Quando você sentir raiva ou alguma outra emoção negativa, que tal transformá-las em um diálogo? 

Em vez de levantar a voz, tente liberar essa “pressão” de outras maneiras. 

Exemplo: Diferente de acusar o seu filho dizendo que ele fez algo de errado, converse informando que você ficou chateado (a) com aquele comportamento. O diálogo e a sinceridade com os sentimentos são sempre os melhores caminhos. 

3) Troque as ordens por um combinado de regras

No livro Não Grite com as Crianças! Como Resolver Conflitos com Crianças e Fazê-las Ouvir Você?, o psicólogo Daniele Novara aconselha os pais a estabelecer regras. É importante não confundir essas normas (que podem ser decididas no coletivo) com ordens.

Na visão do especialista, quando os pais dão alguma ordem sempre há o risco de enfrentar a desobediência

A decisão coletiva sobre quanto tempo a criança deve ficar na frente do computador, que horas deve ir para a cama e em que momentos pode comer fast food ajudarão muitos conflitos a desaparecer sozinhos. Além disso, auxiliará a criança a se comportar e, dentro do contexto, agir de forma independente. 

4) Pratique a Comunicação Não Violenta

A comunicação não-violenta proporciona uma conexão mais genuína entre as pessoas e tem  potencial de melhorar relações na vida familiar. 

Para isso, é preciso desligar o seu modo de defesa e adotar uma fala mais calma, empática e sem medo de se mostrar vulnerável. 

É falar sem machucar e ouvir sem ofender.  

Veja alguns exemplos que podem ser adotados em casa com seus filhos:

  • Substitua uma crítica ou agressão verbal por uma pergunta que gere reflexão;
  • Quando seu filho errar, mantenha a calma e ofereça uma solução para que ele mesmo possa consertar. Derrubou leite no chão? Dê a ele um pano para limpar;
  • Seu filho está chorando? Deixe que ele extravase o sentimento e, posteriormente, ofereça um abraço e demonstre empatia.

Mais diálogo e mais empatia

Se você chegou até aqui percebeu que gritar com os filhos nada traz de positivo. Além da possibilidade de desencadear episódios de depressão e autorizar que seu filho devolva a agressão verbal, esse tipo de educação não tem efeito positivo algum. 

Lembre-se: gritar diminui o efeito das palavras. 

Por isso, antes de explodir ou manifestar raiva em cima do seu filho, olhe para si a fim de controlar a raiva, olhe para o seu filho e tente entender o que está por trás da “birra”. Diálogo e empatia serão sempre os melhores caminhos.  

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