Ansiedade na adolescência é um tema que precisa ser levado a sério não só pelas consequências que o transtorno pode trazer para a vida de quem sofre, mas pelo aumento no número de casos nessa faixa etária.
Conforme o psiquiatra da Faculdade de Medicina da USP, Fernando R. Asbahr, 10% de todas as crianças e adolescentes terão problemas com algum tipo de transtorno de ansiedade.
O Ministério da Saúde também alerta que 9,3% da população brasileira sofre com esse mal.
Diante deste cenário, como praticar a prevenção e ajudar os adolescentes já nos primeiros sinais?
Quais são os principais sintomas e como os pais e responsáveis podem reagir para auxiliar seus filhos nessa fase tão cheia de delicadezas?
Neste artigo, entenda por que acontece a ansiedade em crianças e adolescentes e veja como ajudar a combatê-la.
O que você vai ver nesse artigo:
Ansiedade na adolescência: por que acontece?
De maneira geral, a ansiedade corresponde a um sentimento de tensão, medo e preocupação inerentes ao ser humano e, até certo ponto, considerada normal.
Ela se torna uma doença psicológica a partir do momento em que esse sentimento passa a ser excessivo.
Ou seja, quando a preocupação e a antecipação de problemas são constantes e limitam ou atrapalham as pessoas em suas atividades cotidianas.
Na adolescência, esse estado emocional costuma se manifestar especialmente nos momentos de transição, quando são submetidos a novas pessoas, lugares e situações não vivenciadas anteriormente.
Ingresso no ensino médio, saída da escola para a faculdade e primeiro emprego são algumas responsabilidades que os jovens assumem na passagem da adolescência para a vida adulta e que podem deixá-los inseguros em relação ao modo como são vistos pela sociedade.
Trata-se de uma preocupação excessiva por aquilo que ainda não aconteceu e que, nessa fase, também pode vir acompanhada do temor por errar e ser rejeitado.
Por isso é tão importante os pais ficarem atentos aos sinais de ansiedade na adolescência e se mostrarem dispostos a ouvir.
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Aprenda a identificar: é ansiedade ou é medo?
Medo e ansiedade costumam ser confundidos, mas há algumas diferenças básicas que podem ajudar na identificação.
A ansiedade geralmente está ligada ao futuro e é caracterizada como um sentimento de tensão e apreensão diante de uma situação que poderá acontecer.
A ansiedade, portanto, pode ser observada antes de uma entrevista de emprego, prova importante, apresentação em público, primeiro encontro, entre outras situações.
O medo, por sua vez, tem relação com o presente e se mostra diante de uma situação de perigo real.
Medo de altura, medo de animais, medo de acidente ou de assalto são alguns exemplos.
Isso acontece quando o cérebro libera compostos químicos involuntários e o corpo reage com aceleração da respiração, sudorese, mãos úmidas e batimentos cardíacos rápidos.
Lembre-se: medo, quando excessivo, pode ser caracterizado como fobia.
4 sintomas que indicam a ansiedade na adolescência
A ansiedade pode ser percebida de diferentes formas, mas se destaca pelo excesso de preocupação daquilo que não é controlável e está no futuro.
Confira mais informações sobre ansiedade na adolescência e os sintomas que podem vir acompanhados deste transtorno.
1) Falta de atenção
Dificuldade para prestar atenção na aula é um indicativo de que seu filho pode estar sofrendo com a ansiedade.
O excesso de preocupação já antecipando o resultado das provas, por exemplo, faz com que a criança ou adolescente não consiga se concentrar.
Queda nas notas e irritação com assuntos relacionados aos estudos são alguns sinais.
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2) Preocupação excessiva com “o que os outros vão pensar”
O adolescente ansioso costuma manifestar muita preocupação com o que as outras pessoas pensam dele.
A sua roupa, as pessoas com quem anda e até as atividades que pratica. Tudo vira motivo para se importar com a opinião alheia.
Alerta: Se excessivo, esse comportamento pode gerar autocrítica e perfeccionismo muito expressivos, levando o adolescente a nunca estar satisfeito consigo mesmo.
3) Desconforto em situações sociais
Muito comum entre os adolescentes, especialmente entre os mais tímidos, o desconforto ao encarar algum momento de interação social pode ser um sinal de ansiedade se manifestado de forma exagerada.
Suor, gagueira, náusea ou mesmo a fuga de situações que envolvam o convívio social (isolamento) podem ser alguns sinais para os pais ficarem em modo de atenção.
4) Baixa autoestima e pensamentos intrusivos
A ansiedade em crianças e adolescentes também pode ser manifestada através do modo com que eles encaram o mundo.
Baixa autoestima, falta de confiança, autocrítica e pessimismo em excesso estão conectados com a ansiedade.
Trata-se do que muitos especialistas chamam de pensamentos intrusivos, que atrapalham a rotina e impedem a tomada de decisões que poderiam ser simples.
Como os pais podem ajudar?
Há diversas maneiras em que os pais podem ajudar os filhos quando começam a manifestar sinais de ansiedade.
A primeira delas é ser uma escuta ativa.
Demonstre afeto e empatia e pergunte o que está acontecendo. O importante, nessa hora, é mostrar que ele está em um ambiente seguro e que não será julgado.
Outro passo é a busca de uma ajuda profissional com psicólogos.
Esse suporte é altamente recomendado não só no caso de ansiedade, mas no acompanhamento do processo de transição da adolescência para a vida adulta.
Psicoterapia com práticas de relaxamento, técnicas de respiração ou a pura e profunda conversa com algum profissional da área podem, sim, ser uma célula de apoio para esse momento tão delicado e transformador na vida do seu filho.
Presença e diálogo
Adolescentes vivem uma fase de altos e baixos e para que encarem esse período sem traumas é importante que os pais e responsáveis estejam atentos e presentes.
Demonstrar apoio (mas sem pressionar) e se colocar aberto para entender as tantas questões pelas quais essa faixa etária passa é fundamental para que encontrem forças e superem os desafios do cotidiano.