A infância é um momento de intensas descobertas na vida de um ser humano. Uma época de aprendizados, novas experiências e da ampliação do círculo social.
As idas às creches e escolas fazem os pequenos descobrirem que o mundo vai além da família, o que dá origem aos primeiros amiguinhos, o surgimento da amizade na infância.
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Todo mundo já foi criança um dia e, provavelmente, já teve a oportunidade de observar como somos seres sociais nessa etapa da vida, dotados de uma tendência muito pura de se relacionar com os demais.
Essa forma de ser é muito saudável e permite que as crianças tenham as primeiras noções sobre amizade, determinando quem são os seus colegas mais próximos.
A amizade na infância não é um assunto puramente lúdico, na verdade, existem até mesmo estudos acadêmicos feitos para compreender como os pequenos lidam com essa questão e determinam o que é ou não um amigo.
E, claro, o papel dos pais também é algo bastante discutido neste tema, afinal, em uma idade em que elas são altamente dependentes da família, são os responsáveis que determinam como, quando e onde essas interações infantis vão ocorrer.
Resumindo, falar sobre crianças e amizades é algo muito importante para o processo de crescimento de um ser humano. Até porque os conceitos de amizade na infância são distintos dos adotados na vida adulta.
Por isso, separamos neste post algumas informações interessantes sobre o tema, para que você possa refletir sobre o impacto das amizades na infância de seus filhos:
A importância da amizade na infância
Veja abaixo alguns motivos que denotam os impactos da construção de amizades para as crianças e como esses relacionamentos afetam positivamente seu crescimento:
1) Autonomia e descoberta da individualidade
Dentre os principais benefícios das amizades na infância encontra-se o crescer.
Sim, conforme crescemos e vamos nos tornando mais preparados para o mundo, maior as interações que passamos a ter com pessoas alheias aos nossos círculos primários de convivência.
No caso das crianças, as amizades são uma espécie de “quebra da bolha familiar”, ou seja, são as primeiras pessoas (junto com professoras da escola, babás, etc) que convivem com a criança longe da família.
Dentro da família, as formas de se relacionar com as crianças pequenas tendem a “facilitar” a vida delas.
Isso ocorre porque, em muitos casos, elas são o centro das atenções e, com isso, recebem todo o carinho e tudo aquilo que desejam sem muito esforço.
Quando elas partem para um universo onde existem outras pessoas semelhantes, começa a ser despertado o conceito de individualidade.
A criança começa a perceber que novos limites são impostos, será preciso se relacionar de outra maneira com os colegas e suas atitudes terão outro tipo de consequência.
Gradativamente, o convívio com outros indivíduos da mesma idade ajuda no amadurecimento, ensinando como buscar novas saídas para resolver seus conflitos e para construir suas interações.
2) Início das noções de partilha e comunidade
Crianças com irmãos costumam aprender a partilhar “na marra” desde pequenos, porém, é preciso refletir sobre a nova demografia brasileira. Cada vez mais, as famílias estão menores e os casais estão optando por apenas um filho.
Com isso, as crianças começam a compreender o que é a partilha quando se encontram com outras da mesma idade na escola.
Em um primeiro momento, aprender a dividir pode ser complicado, porém, conforme os pequenos se acostumam com a rotina de interações com os amigos, a ideia de partilhar vai se tornando mais comum e estruturada dentro do pensamento deles.
3) Comunicação e resolução de conflitos
Crianças que convivem em comunidade sempre vão entrar em conflitos, afinal, elas estão em plena evolução (inclusive nos pontos citados acima).
É natural que os pequenos briguem, contudo, conforme crescem um pouco, eles vão aprendendo a propor soluções para seus problemas.
Quem já acompanhou um grupo de crianças brincando com certeza já percebeu que acontecem diversos desentendimentos, sendo que muitos são resolvidos entre elas, sem a necessidade de intervenção.
Isso demonstra a sociabilidade e a inteligência emocional que está em desenvolvimento, e boa parte dessas habilidades se desenvolvem justamente pelo contato próximo com outros indivíduos e pelos desafios impostos pelo convívio.
4) Comunicação e empatia
Onde há briga, há discussão e onde há discussão, há debate.
As crianças aprendem muitas palavras em casa, mas pode ter certeza que a escola e a interação com as amizades da infância têm um peso muito grande na habilidade comunicativa.
Ao interagir com outras crianças seu filho pode aprender novas palavras, construir uma nova forma de argumentar e aprender a ouvir e falar nos momentos mais oportunos.
Junto com isso tudo, ele também desenvolve suas opiniões e aprende a expressar parte delas perante os demais, o que ajuda a reduzir a timidez.
Já em relação à empatia, seu filho não vai aprender a refletir e se colocar no lugar de outra criança antes de agir, contudo, ele aprenderá sobre como simpatizar com a dor e os conflitos dos outros.
As principais preocupações dos pais
Alguns pais mais controladores querem saber a “ficha corrida” dos pais das outras crianças ou até mesmo intervir quando há uma criança mais “mandona” no grupo.
Nada disso é aconselhável, o conceito de amizade infantil tem muito menos relação com confiança e valores éticos e muito mais com o momento, a interação e o brincar.
Os pais devem assumir um papel de expectador neste momento, e deixar com que as crianças busquem uma interação plena entre si, sem a necessidade de uma espécie de “juiz”.
É claro que não se trata de deixá-las fazer qualquer coisa, contudo, é importante para o crescimento e autonomia do indivíduo que haja esse espaço para uma interação mais livre e infantilizada.
Os pais podem ajudar no fortalecimento desses laços das amizades na infância ao trazer os amiguinhos para brincar em casa ou combinar passeios com outras famílias, a fim de estimular o convívio.
E, claro, não há necessidade de se ater sempre aos mesmos colegas. o fato das crianças serem super sociáveis faz com que elas criem novas amizades em parques públicos, no pula-pula de um restaurante, em uma festa infantil, etc.
Colocar seu pequeno para ver o mundo e interagir com outras crianças é uma ótima forma de fazê-los gastar energia, desenvolver o pensamento e a interação social.
Resumindo: as principais preocupações dos pais devem se resumir em:
- Estimular as interações;
- Fornecer ambientes propícios para que elas aconteçam;
- e auxiliar nos momentos em que há necessidade de uma voz mais adulta e racional para resolver algum tipo de conflito.
Os benefícios da amizade na infância para a vida adulta
Crianças que aprendem a conviver com as diferenças e com outros indivíduos tendem a ser mais altruístas, mais empáticas e mais articuladas no momento de resolver conflitos.
Isso tudo é resultado do processo de aprendizagem da infância, construído com a ajuda das amizades (e, claro, com uma boa orientação em casa e na escola).
Além disso, existe outro ponto bastante interessante.
Um estudo realizado com 170 adolescentes apontou que aqueles que cresceram e mantiveram os amigos da infância se tornaram jovens com menos ansiedade, autoestima mais elevada e menor predisposição a quadros depressivos.
A redução dos comportamentos negativos e o fato das amizades da infância construírem uma espécie de “rede de apoio” faz com que os jovens tenham benefícios importantes para uma etapa ainda mais complicada de suas vidas, que é a transição para o mundo adulto.
E o melhor amigo?
O tema da amizade preferida na infância divide opiniões.
Para muitos pais e famílias, ter um amigo especial, mais próximo da criança, é algo que não traz nenhum malefício, muito pelo contrário, auxilia na criação da tal rede de apoio mencionada acima, que é feita das amizades mais duradouras.
O contraponto fica por conta de uma pesquisa britânica, que apontou que a existência de um “melhor amigo” torna as crianças mais possessivas e pode auxiliar no desenvolvimento de aspectos negativos, como o sentimento de posse e o ciúme.
Contudo, as amizades mais próximas e favoritas são construções feitas pelas próprias crianças, sendo assim, não cabe aos adultos a proibição da existência de um melhor amigo.
O que os pais podem fazer é auxiliar a criança na resolução de alguns conflitos que possam envolver o melhor amigo, tal como uma crise de ciúmes quando surge outro amiguinho na relação.
Conclusão
As amizades na infância são muito saudáveis e vão ajudar muito no desenvolvimento de habilidades sociais e emoções do seu filho.
Mantê-lo em ambientes interativos e com outras crianças é muito bom para que ele consiga se expressar e conhecer a si mesmo.
O que resta aos adultos é observar este processo e realizar as orientações necessárias quando houver necessidade.
Crescer é algo que acontece com todos, mas crescer rodeado de amigos é muito melhor.
Portanto, ao olhar para o seu filho, saiba que a vida demanda interatividade e faz provocações diárias para que tenhamos contato com os demais.
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